31.5.07

I have nothing but support to offer my successor.



Tony Blair
What I've learned
reflects on the lessons of his decade as Britain's prime minister


crisdovale

Cantando o Bendito


Fomos outrora o povo do caldo da portaria, das procissões, da navalha e da taberna.
Compreendeu-se que esta situação era um aviltamento da dignidade humana: e fizemos muitas revoluções para sair dela.
Ficámos exactamente em condições idênticas.
O caldo da portaria não acabou.
Não é já como outrora uma multidão pitoresca de mendigos, beatos, ciganos, ladrões, caceteiros, que o vai buscar alegremente, ao meio-dia, cantando o Bendito: é uma classe inteira que vive dele, de chapéu alto e paletó.


Eça de Queirós


brunoventana

Um certo escrúpulo


Enternece-me o pobre vapor, tão humilde vai ele e tão natural.
Parece ter um certo escrúpulo não sei em quê, ser pessoa honesta (...)

Álvaro de Campos


cristóvão do vale

Declaração de amor

Eu gosto de manejá-la - como gostava de estar montando num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes lentamente, às vezes a galope.


guido sarrasa

30.5.07

Os intemporais

Courage is grace under pressure.
Ernest Hemingway


crisdovale

Aguçosa confissom e pensoso proposito


"Promove, no lugar da ética, o ardil, a astúcia e o cinismo. A amizade dos grandes pode ser obtida com servidão ou dinheiro, e mantida com ciúme e obséquios."

"Breviário dos políticos"
Cardeal Giulio Mazzarino


guido sarrasa

A roda da fortuna

"Quem sabe se a roda da fortuna, que já há tanto tempo, em voltas sucessivas, parece insistir em girar contra nós, quem sabe, digo, se neste momento quererá voltar em sentido contrário"


"Para mim a crise, sob a qual nós vergamos, tem de ser encarada sob três aspectos.

O primeiro é o desequilíbrio orçamental; o segundo é a circulação fiduciária; e o terceiro é o desequilíbrio capitalista ou económico, como se quiser chamar, quero dizer, a diferença entre o ingresso e as saídas, quer de mercadorias, quer de capitais.

Ora, invertendo a ordem por que enumerei estes três elementos, começarei pelo último.

Não cansarei a câmara reproduzindo algarismos que todos conhecem, e fazendo considerações que hoje, felizmente, estão no espírito de todos e que é deplorável que o não estivessem há muito tempo; porque o facto é que, desde longos anos, nós vivemos uma vida completamente artificial, abandonando as fontes da riqueza natural do pais.

Nós chegámos a este estado, verdadeiramente anormal, de consumir exclusivamente produtos estrangeiros e de trabalhar exclusivamente com capitais estrangeiros; de nos dessangrarmos anualmente com o serviço desses capitais e com o preço desses produtos!

Assim vivíamos efectivamente e assim vivemos durante largos anos, se o espaço de meio século, pouco mais ou menos, se pode chamar largos anos; mas vivemos como?

Vivemos exagerando a soma da dívida pública até às proporções verdadeiramente esmagadoras em que hoje se encontra.

(...)

O equilíbrio orçamental não se obterá senão à custa de uni sacrifício feroz, permita-se-me a expressão, que tem ele abranger todos os funcionários, credores do estado, proprietários e industriais.

Só assim é que o movimento pôde ser nacional e o sacrifício corresponder ás exigências da situação e do país.

Este sacrifício tem de abranger empregados civis e militares, há-de abranger todos, absolutamente todos em igualdade de condições. O governo não veia aqui para estabelecer guerra de classes, veio, em nome da salvação pública, para pedir a todas as classes do país um concurso de esforços enérgicos para ver se conseguimos salvar a nossa terra da situação deplorável a que a levaram."


Discurso de Joaquim Pedro de Oliveira Martins em 20 de Janeiro de 1892.
(Ministro das Finanças no governo presidido por Dias Ferreira, apresentou o programa financeiro do novo governo)
(Portal da História -Manuel Amaral 2000-2005)


bvta

Mais de "os verosímeis"

Porto: Nuno Cardoso e membros do FCP acusados

A pouco e pouco, desvendam-se os pequenos ingredientes do "êxito".

crisdovale

Global Peace Index

"The Economist": Portugal é o 9º país mais seguro do mundo


crisdovale

O pirilampo

Jerónimo de Sousa -Adesão à greve é um «poderoso aviso» ao Governo

De facto, o céu atira-nos os astros à medida que nos vão fazendo falta. E eis que ao fim do dia, dissimulada na aparente bagatela duma declaração, brilha no escuro, donde rugem as fundas rebeliões da natureza, a luz do visionário.

crisdovale

O forno não está para bolos

A greve geral redundou num fracasso tão impressivo que até a cgtp, na tradicional palhaçada dos números, foi de uma modéstia franciscana...
Juntando a isto as últimas sondagens, parece de retirar que VPV tem ainda mais razão do que se pensava...



crisdovale

Aprofundando


30-05-2007 - 11:21
Contra o fecho da RCTV
Manifestantes venezuelanos protestam na baixa de Caracas contra a decisão presidencial de fechar a estação de televisão privada Radio Caracas Television (RCTV), retirada do ar e substituída por um canal controlado pelo Estado com o objectivo de promover o seu programa socialista.
Foto: Francesco Spotorno/Reuters (in publico online)



O presidente venezuelano, um dos modernos referenciais do dr Soares, imprime novo ritmo ao seu processo de aprofundamento da democracia, rumo ao socialismo.


crisdovale

Da glória ou da penúria?

«(...)

Que país real? O da glória ou o da penúria?

Para o poder naturalmente o da glória: o país do progresso político ou económico.

Para a oposição, para os intelectuais urbanos, e, em geral, para as classes médias, que o comparavam à França ou à Inglaterra, o país da penúria.

Mas, por ironia, em todos os regimes e sob todos os governos, o país legal, do Estado e dos seus propagandistas oficiais, conseguiu impor ao pais real do campo e da indiferença cívica, o mito da glória contra a evidência da penúria.

Glória oculta, ou efémera, ou iminente. Glória do passado prestes a consumar-se no futuro.

E, dia a dia, ano a ano, século a século, a nação, persuadida da sua íntima grandeza, esperou o taumaturgo que a fizesse ressuscitar num sublime esplendor.

E taumaturgos não lhe faltaram: Pombal, Linhares, Fernandes Tomás, D. Miguel, D.Pedro, Costa Cabral, Fontes, João Franco, D. Carlos, Afonso Costa, Sidónio Paes, Salazar, Sá Carneiro e Cavaco.

Mas depois de infinitas regenerações, revoluções e reformas o Lázaro olha ainda, com inveja ou resignação, cepticismo ou confiança, o céu distante do mundo dos vivos.

O país real continua a viver da sua irrealidade.»

Vasco Pulido Valente
(Divagações sobre o "país real"- K, Dez. 1991)


bvent

Indiscreet





crisdovale

A los que guste y a los que no guste


Cuestión de estrategia

Desde la aprobación del Nuevo Estatuto Político para Euskadi las cosas cambiaron para este país. Y lo hicieron en todos los sentidos, de modo intenso, y para todos los espectros políticos. Sin duda el llamado español fue mas llamativo, ya que dispuso toda la maquinaria, la existente y la que hizo falta crear, para que aquel proyecto producto de la voluntad democrática descarrilara mas pronto que tarde. Y sin reparar ni en medios ni en métodos desde aquellas primeras medidas dudosamente democráticas, como fueron la decisión del Congreso de los diputados de rechazar su debate, y tras su empeñó en una segunda y mas efectiva, cual fue la modificación de la Ley de Partidos, que cambió el escenario de participación tanto de los partidos políticos como de los ciudadanos en los asuntos públicos. Pero también desde el espectro vasquista las cosas tuvieron su evolución. De una parte, la llamada izquierda abertzale, tras posibilitar su aprobación, se lanzó a la crítica de aquel texto y al ataque a sus promotores, debido posiblemente a su falta de independencia para las decisiones de calado político. Hoy vemos que sus propuestas maximalistas no alcanzan las de base de aquel texto político, por lo que aquella crítica y su actitud solo se puede entender como consecuencia de pensar que el lehendakari y su iniciativa les habían robado la cartera del proyecto abertzale de futuro. Incluso que les entorpeciera alguna justificación de salida del armario de la violencia. Y por todo ello hoy pasan la factura de volver a poner en duda el carácter nacionalista del PNV para justificar su liderazgo en la materia. De otra, del resto del espectro abertzale surgían dudas y resquemores respecto del papel del lehendakari, tanto por quienes ponían el acento en el atrevimiento del proyecto, como otros por el indudable protagonismo social reconocido a su autor. La secuencia siguiente ha sido tanto la negativa a reeditar la coalición EA-PNV por unos, como el abordaje de una nueva lectura del proyecto por el nuevo presidente del EBB, a quien gusta hablar de la teoría de las "dos llaves" así como de su aprecio por la "seducción" a España, como contraposición muy alejada de la capacidad de decisión del texto, o al desplante institucional del Congreso al Lehendakari. Aunque no se sabe a quien corresponde en este caso el papel de seductor y seducido. La consecuencia ha sido que todos, absolutamente todos los sectores políticos, salvo determinado espectro "lealista" a los principios de aquel texto político y al Lehendakari, se han empeñado fiel y duramente en segar la hierba debajo de los pies del documento. Y sin perjuicio de las opiniones que unos u otros tengan de aquel texto, resulta especialmente relevante el papel que sigue llamado a jugar el texto y su promotor en estos momentos en los que el clima de confrontación y de hipotético riesgo de violencia es algo más que una mera enunciación de peligro. Decía el lehendakari que está dispuesto a someter a la voluntad de los ciudadanos el derecho a decidir de los vascos. Pero con la coletilla de que debe ser "en ausencia de violencia" (y con permiso de sus señorías, por añadidura). Estas fechas, en las que las elecciones han dibujado ya el mapa institucional local y foral, su sombra se sigue proyectando. Los que pacten, habrán de tener en cuenta que, en ausencia de violencia, sus gobiernos habrán de abordar el apoyo a una consulta sobre la capacidad de decisión de los vascos sobre su futuro. De la capacidad de decisión en todos los sentidos. Sobre su forma de relación con otras comunidades o territorios, o sobre su Sanidad, o sobre las limitaciones de transporte por carretera, o las del régimen del suelo, o las de la política de investigación. Pero estará presente. A los que guste y a los que no guste.

Eneko Markes
(periodicoDigital)


crisdovale

29.5.07

Last call


(in The Economist)


crisdovale

Dez reizinhos por uma quarta de figos

Estes disparates, de tanto repetidos, arriscam-se a fazer tese. Alguém, no seu perfeito juízo, quer um governante que seja um banana lasso e aldrabão?

É justo, nesta matéria, não esquecer as (duas) vezes em que o eleitorado escolheu Guterres...



crisdovale

Periscópio

... um acto de verdadeira política externa para Portugal,e, se a nova Europa de leste deixar, para a própria União Europeia.


crisdovale

Weights and measures of their own


«A politician`s character and position are measured in his day by party standards. When he is dead, all that he achieved in the name of party is at an end. The eulogies and censures of partisans are powerless to affect his ultimate reputation. The scales wherein he was weighed are broken. The years to come bring weights and measures of their own.»

Winston Churchill
on his father Lord Randolph Churchill




bventana

De vento norte pela proa

«(...) O certo é que a imagem vinha, de dois em dois anos, numa procissão de barcos. De barcos do Tejo, quando a natureza de Portugal se confundia e harmonizava com a natureza (...)»

«VENHAM VER», por F. Carvalho Rodrigues


crisdovale

Forever young



JFK
29 May1917-22Nov.1963


crisdovale

Escrever é isto


«Escrever é isto: comover para desconvocar a angústia e aligeirar o medo, que é sempre experimentado nos povos como uma infusão de laboratório, cada vez mais sofisticada. Eu penso que o escritor com maior sucesso (não de livraria, mas de indignação social profunda) é aquele que protege os homens do medo: por audácia, delírio, fantasia, piedade ou desfiguração. Mas porque a poética precisão de dum acto humano não corresponde totalmente à sua evidência. Ama-se a palavra, usa-se a escrita, despertam-se as coisas do silêncio em que foram criadas. Depois de tudo, escrever é um pouco corrigir a fortuna, que é cega, com um júbilo da Natureza, que é precavida.»

Agustina Bessa-Luís


brunoventana

Divide et impera

“A singularidade é um conceito existencial; já a identidade é um conceito de referenciação, de circunscrição da realidade a quadros de referência, quadros estes que podem ser imaginários.”
Guattari




Pelo meio do século XIX assomou à História o sistema de Governo conhecido por transformismo, do lema do político Agostino Depretis, figura de esquerda no Risorgimento e primeiro-ministro italiano por três vezes, para quem governar era "transformar os inimigos em amigos."
Adepto e consagrador dessa teoria no plano internacional foi Henry John Temple, Lord Palmerston, que governava norteado pela divisa divide et impera.
A melhor forma de lidar com as exigências das oposições e adversários, pensava, não era a de resistir a quaisquer concessões, à maneira dum Guizot ou de um Costa Cabral, mas apartar, pela razoabilidade das concessões, os moderados dos radicais.
Não ser rígido e intransigente, mas mostrar abertura e flexibilidade para poder cativar, de entre opositores e descontentes, os que se acomodavam com o possível e o realizável.

O transformismo traduziu-se no ensaio da concretização nos países da Europa do Sul do modelo de equilíbrio político inglês, confinando a luta ao palco parlamentar, sob a liderança de cavalheiros que sabiam ser tolerantes e até, mostrando desprendimento em relação a purezas ideológicas, entrar hoje num governo com os adversários de ontem.

Veja-se o exemplo nacional: entre 1850 e 1890 sucederam-se vinte e dois governos, mas foram chefiados tão só por dez individualidades.
Fontes, “quem todo lo manda”, presidiu a quatro, os famosos Duques de Saldanha, Loulé, e Ávila, bem como o Marquês de Sá da Bandeira a três, cada um, e o Duque da Terceira e Joaquim António de Aguiar a dois, cada um.
Fontes, com doze anos, Loulé com nove e Saldanha com seis, governaram Portugal em vinte e sete desses quarenta anos.
“Em politica e Administração a oportunidade é uma condição essencial”, dizia Serpa Pimentel, fidalgo, poeta romântico, socialista nas ideias, conservador nos meios, e o seu chefe Fontes Pereira de Melo reputava-se um “oportunista”: um homem de ideias avançadas que no entanto nunca as tentava aplicar sem que prudentemente avaliasse a “oportunidade” de o fazer.
Deu-se bem com o princípio, pois foi, com doze anos no total, quem mais tempo em Portugal esteve à frente de Governos saídos de eleições e, até Cavaco Silva o ultrapassar um século depois, quem liderou o Governo de maior duração – 1871 a 1877.

(De Historia de Portugal, V Vol.-Rui Ramos)


crisdovale

28.5.07

As times goes by


That no one can deny
it's still the same old story
A fight for love and glory
A case of do or die
The world will always welcome lovers

Guidosarraza

Virar de página

Caiu o "ponto 8". Vitória da nova geração: Jardim Gonçalves perdeu para para Teixeira Pinto.

crisdovale

"...à sua, muito sua, avenida da Liberdade."




"Entre 1919 e 1926, a República tentou enfrentar o dilema clássico dos movimentos revolucionários: sem o terror não podia sobreviver; e com o terror não podia governar. Em nome da ordem, e após uma experiência infeliz com a GNR, a ala conservadora do democratismo entregou pouco a pouco a segurança das instituições aos bons ofícios do exército.Como seria de prever, o exército aproveitou para as liquidar. Traído e cansado o admirável "povo de Lisboa" não se mexeu no "28 de Maio" e, em Junho, foi alegremente aplaudir Gomes da Costa à sua, muito sua, avenida da Liberdade."
Vasco Pulido Valente
"A República Velha"


crisdovale

A pedra de toque


"Compreender não é procurar no que nos é estranho a nossa projecção ou a projecção do nossos desejos. É explicar o que se nos opõe, valorizar o que até aí não tinha valor dentro de nós. O diverso, o inesperado, o antagónico, é que são a pedra de toque dum acto de entendimento. Ora o Alentejo é esse diverso, esse inesperado, esse antagónico."

Miguel Torga

brunoventana

Quem ficará prior da Freguesia?

BCP decide hoje «braço-de-ferro» sobre estatutos

BCPBerardo admite sair se proposta de Jardim Gonçalves for aceite



crisdovale

Os intemporais


El secreto del éxito es la honestidad. Si puedes evitarla, está hecho.
Groucho Marx



brunoventana

O convencido da vida

" (...) No corre-que-corre, o convencido da vida não é um vaidoso à toa. Ele é o vaidoso que quer extrair da sua vaidade, que nunca é gratuita, todo o rendimento possível. Nos negócios, na política, no jornalismo, nas letras, nas artes. É tão capaz de aceitar uma condecoração como de rejeitá-la. Depende do que, na circunstância, ele julgar que lhe será mais útil. Para quem o sabe observar, para quem tem a pachorra de lhe seguir a trajectória, o convencido da vida farta-se de cometer «gaffes». Não importa: o caminho é em frente e para cima. A pior das «gaffes», além daquelas, apenas formais, que decorrem da sua ignorância de certos sinais ou etiquetas de casta, de classe, e que o inculcam como um arrivista, um «parvenu», a pior das «gaffes» é o convencido da vida julgar-se mais hábil manobrador do que qualquer outro. Daí que não seja tão raro como isso ver um convencido da vida fazer plof e descer, liquidado, para as profundas. Se tiver raça, pôr-se-á, imediatamente, a «refaire surface». Cá chegado, ei-lo a retomar, metamorfoseado ou não, o seu propósito de se convencer da vida - da sua, claro - para de novo ser, com toda a plenitude, o convencido da vida que, afinal... sempre foi."

Alexandre O'Neill

crisdovale

27.5.07

Monaco Grand Prix




crisdovale

Esperteza saloia


O Valor da Ingenuidade

O maior perigo que corre o ingénuo: o de querer ser esperto.
Tão ingénuo que cuida, coitado, de que alguma vez no mundo o conhecimento valeu mais do que a ingenuidade de cada um. A ingenuidade é o legítimo segredo de cada qual, é a sua verdadeira idade, é o seu próprio sentimento livre, é a alma do nosso corpo, é a própria luz de toda a nossa resistência moral.

Mas os ingénuos são os primeiros que ignoram a força criadora da ingenuidade, e na ânsia de crescer compram vantagens imediatas ao preço da sua própria ingenuidade.
Raríssimos foram e são os ingénuos que se comprometeram um dia para consigo próprios a não competir neste mundo senão consigo mesmos. A grande maioria dos ingénuos desanima logo de entrada e prefere tricher no jogo de honra, do mérito e do valor. São eles as próprias vítimas de si mesmos, os suicidas dos seus legítimos poetas, os grotescos espantalhos da sua própria esperteza saloia.

Bem haja o povo que encontrou para o seu idioma esta denunciante expressão da pessoa que é vítima de si mesma: a esperteza saloia.

A esperteza saloia representa bem a lição que sofre aquele que não confiou afinal em si mesmo, que desconfiou de si próprio, que se permitiu servir de malícia, a qual como toda a espécie de malícia não perdoa exactamente ao próprio que a foi buscar.

Em português a malícia diz-se exactamente por estas palavras: esperteza saloia.

Parecendo tão insignificante, a malícia contudo fere a individualidade humana no mais profundo da integridade do próprio que a usa, porque o distrai da dignidade e da atenção que ele se deve a si mesmo, distrai-o do seu próprio caso pessoal, da sua simpatia ou repulsa, da sua bondade ou da sua maldade, legítimas ambas no seu segredo emocional.

Porque na ingenuidade tudo é de ordem emocional. Tudo. O que não acontece com as outras espécies de conhecimento onde tudo é de ordem intelectual. Na ordem intelectual é possível reatar um caminho que se rompeu. Na ordem emocional, uma vez roto o caminho, já nunca mais se encontrará sequer aquela ponta por onde se rompeu.

O conhecimento é exclusivamente de ordem emocional, embora também lhe sirvam todas as pontas da meada intelectual.

Almada Negreiros
Ensaios



brventana

A gente da minha freguesia


Para quem é da freguesia de Santa Maria de Belém, trata-se de ir buscar o troféu e nada mais. Convocados pela paixão.
guidosarraza

A face oculta das lantejoulas


“The worst thing about being a depraved pirate
is having to work with a bunch of depraved pirates”




crisdovale

Recordando os nefastos

«(...) Acho que o Prof. Cavaco Silva está a cumprir aquilo que prometeu. Ou seja, que apoiará as medidas de qualquer Governo, seja ele de direita ou de esquerda, que façam progredir o país. De resto, nunca defendi a ideia de um Presidente contrapoder. Isso foi uma coisa por que nós passámos e que não foi positiva. Os Presidentes que exerceram essa função foram mais nefastos que positivos.
D. Proença de Carvalho
(visão-24.5)

crisdovale

26.5.07

Foguete de três respostas

"Vais ler, baptizadas com um título simbólico, algumas páginas de circunstância.

Fogo preso é, como sabes, e expressiva designação de um género de pirotecnia em que toda a inventiva se processa ao rés-do-chão.

Ao invés da girândola, de morteiro ou do simples foguete de três respostas, que são delírios soltos, aqui a fantasia arde, roda, faísca, estoira, mas não voa.

Amarrado, o engenho do artífice não tem licença para subir ao céu de nenhuma ilusão e desprender-se de lá, no fim da vertigem, numa lágrima de colorida melancolia."


Miguel Torga


brunoventana

O jogo das damas


"Deep down, I'm pretty superficial"
Ava Gardner

guido sarraza

Combinação oscilante

"Era ele, de todos os homens que conheci, o mais complexamente civilizado — ou, antes, aquele que se munira da mais vasta soma de civilização material, ornamental e intelectual.

Nesse palácio (floridamente chamado o Jasmineiro) que seu pai, também Jacinto, construíra sobre uma honesta casa do século XVII, assoalhada a pinho e branqueada a cal — existia, creio eu, tudo quanto para bem do espírito ou da matéria os homens têm criado, através da incerteza e dor, desde que abandonaram o vale feliz de Septa-Sindu, a Terra das Águas Fáceis, o doce país ariano.

A biblioteca — que em duas salas, amplas e claras como praças, forrava as paredes, inteiramente, desde os tapetes de Caramânia até ao tecto, donde, alternadamente, através de cristais, o sol e a electricidade vertiam uma luz estudiosa e calma — continha vinte e cinco mil volumes, instalados em ébano, magnificamente revestidos de marroquim escarlate.

Só sistemas filosóficos (e com justa prudência, para poupar espaço, o bibliotecário apenas coleccionara os que irreconciliavelmente se contradizem) havia mil e oitocentos e dezassete!

Uma tarde que eu desejava copiar um ditame de Adam Smith, percorri, buscando este economista ao longo das estantes, oito metros de economia política!

Assim se achava formidavelmente abastecido o meu amigo Jacinto de todas as obras essenciais da inteligência — e mesmo da estupidez.

E o único inconveniente deste monumental armazém do saber era que todo aquele que lá penetrava, inevitavelmente lá adormecia, por causa das poltronas, que, providas de finas pranchas móveis para sustentar o livro, o charuto, o lápis das notas, a taça de café, ofereciam ainda uma combinação oscilante e flácida de almofadas, onde o corpo encontrava logo, para mal do espírito, a doçura, a profundidade e a paz estirada de um leito."


Eça de Queirós
(civilização)


bvtana

Le plus populaire depuis Charles de Gaulle




crisdovale

Agarrar a realidade

VPV, depois de alguns devaneios, voltou hoje (Publico) a agarrar a realidade. Quando o faz, poucos se lhe chegam. As coisas são como são, como explicou Pirandello, e não aquilo que os homens queriam que fosse e , as nossas coisas são aquelas que VPV escreve e descreve. Ainda por cima, deixa um brinde, a definição do guterrismo: "bola de sabão".

crisdovale

Todas as partes do território nacional



CAVACO E A OTA: CONSENSO TÉCNICO E POLÍTICO
«Dois consensos», José Carlos Guinote (Pedra do Homem, 25.5.2007).
# posted by PG
(in bloguitica)


crisdovale

Não está um caso bonito?

"Isto que o Nuno Roldão Mendes diz no Cais da Linha é tão verdade, que até aleija... Pelo menos é esta a minha opinião!"
(Via Politicopata)


crisdovale

25.5.07

Sustentado e aprofundado

O Presidente da República, Cavaco Silva, disse esta sexta-feira que o desemprego em Portugal só pode ser resolvido com um crescimento sustentado da economia acima dos 2%.
«O desemprego não pode deixar de ser uma preocupação prioritária dos dirigentes políticos, mas só pode ser resolvido com um crescimento da economia acima 2%», disse o Presidente da República durante uma visita à Covilhã.(...)

(Diariodigital-25.5)

"Seria altamente benéfico para o país que a Assembleia da República realizasse um debate aprofundado sobre este projecto com base em estudos realizados por organizações e instituições competentes, dado o impacto para gerações futuras", afirmou Cavaco Silva."
(Si conline-25.5)

crisdovale

Antes do pequeno-almoço


Portugal é Lisboa ( e vice-versa)
«....se há ministros que não deviam fazer discursos depois do almoço, há jornalistas que não deviam escrever notícias antes do pequeno-almoço.» no Margens de Erro, a própósito disto .(via GLQL)
Gabriel às
11:08

(in Blasfemia)


crisdovale

As engrenagens dissolventes


In a world of pretence, a pretender is the best thing you can be
(from The Barefoot Contessa)


guidosarraza

Más metálico y oscuro


Ferrari cambia de color



crisdovale

Le mystère a ses mystères


C'est ce qui s'appelle l'infini, segundo Jean Cocteau.


guidosarraza

Des pas importants




crisdovale

Seara graduado em "personalidade excepcional"


"No entanto, perante a insistência da entrevistadora Judite de Sousa, Portas admitiu que poderia ter ponderado uma coligação com o PSD mas apenas em circunstâncias excepcionais.
«Não sou uma pessoa intransigente. Se me apresentassem uma personalidade excepcional, que respeitasse o CDS-PP», disse, salientando, contudo, que o PSD afastou essa hipótese antes dele próprio se pronunciar." (Sol-24.5)

crisdovale

24.5.07

After all

Ao inexpugnável politicopata, agradecendo a menção muito honrosa, com uma tirada do Johnny Depp:
“Life's pretty good, and why wouldn't it be? I'm a pirate, after all.”


Crisdovale

A subir

Surpresa animadora para os "populares": a primeira sondagem que levou em conta Telmo atribui-lhe 0,8.Bem acima do que seria razoável esperar. Vamos ver até onde vai este asteróide.

crisdovale

Não está um caso bonito?

"Um partido impor, como se fosse um Estado totalitário, a uma pessoa, que está a fazer esclarecimentos em processos judiciais, nessa fase é o que se trata ainda, uma punição como se já tivesse sido julgada, isso é estalinista, é nazi, não é próprio de um partido democrático", defendeu Santana Lopes em entrevista à Lusa.
Segundo o deputado social-democrata, "quem não respeita as regras do Estado democrático de Direito, pratica as regras das ditaduras".
Santana Lopes ressalvou não estar "a chamar estalinista ao doutor Marques Mendes nem nazi", mas sublinhou tratarem-se de "regras próprias de ditaduras".
"Nem sequer ditador lhe chamo. Isso é uma opção muito errada dele, que ele, com certeza, já deve ter percebido, teve consequências muito grandes", afirmou.

O vice-presidente do PSD Azevedo Soares acusou hoje o antigo líder social-democrata Pedro Santana Lopes de atacar o partido para servir as suas «ambições pessoais», considerando que o antigo primeiro-ministro está «ressentido» pela derrota nas legislativas de 2005.

«Tudo lhe serve para atacar o PSD, desde que sirva as suas ambições pessoais. É assim agora, como já foi no passado com outras direcções do PSD», disse Azevedo Soares
(googleNews-23.5)

crisdovale

Le navire humain




Oh cette double mer du temps et de l´espace

le navire humain, toujours passe et repasse

Victor Hugo


guidosarraza

Os insaciáveis

Vieira recusou técnico sueco
Sven-Goran Eriksson foi oferecido ao Benfica, mas Luís Filipe Vieira não se mostrou receptivo à ideia, preferindo manter para já a aposta em Fernando ...


crisdovale

Portugal 2015


"Tudo isto é possível, porque depende de nós."
Prof. António Câmara


crisdovale

A dinamite


O presidente do PS, o venerando Almeida Santos - que, para além da política, foi sempre um homem com "olho para o negócio", desde os idos de Moçambique - veio agora com a peregrina tese de que um aeroporto na margem sul do Tejo requer uma ponte e que a ponte pode ser "dinamitada". "Um aeroporto na margem Sul tem um defeito: precisa de pontes. Suponham que uma ponte é dinamitada? Quem quiser criar um grande problema em Portugal, em termos de aviação internacional, desliga o Norte do Sul do país", esclareceu a veneranda figura. Mário Lino, o do jamais (em francês) e do cancro no pulmão - só pela "beleza" da imagem, Lino devia ser agraciado com um prémio qualquer para desenhos animados - anulou, por conta da Ota, uma parte do país. Na estranha cabeça do ministro, as gentes que andam nos comboios da Fertagus, nos barcos e que passam todos os dias a ponte Salazar, não existem. São pura imaginação daqueles que objectam a Ota. Almeida Santos, com o aproximar da senectude, até consegue ver pontes destruídas à bomba neste perigoso cantinho do mundo ocidental. Não haverá, no SNS semi-destruído por outro visionário, o dr. Campos, ninguém que os trate?
Publicada por João Gonçalves em
24.5.07
(in Portugal dos pequeninos)


crisdovale

Voo picado


... tinhamos uns F16 encaixotados...
Piotr Kropotkine at 10:39 PM


crisdovale

Os intemporais


El secreto de la demagogia es parecer tan tonto como su audiencia para que esta gente se piense a sí mismos tan inteligentes como el demagogo.
Karl Kraus


crisdovale

Como cebolinha em réstia

"Antes dessoutras me quero eu meter como cebolinha em réstia"

«Porque dizem que abaixo fica quem não se adianta, eis mais uma ou duas ideias:E quanto em todas as mais entradas e saídas, como são o lavar das mãos, mesuras e prolfaças, liberal como nas eiras.E a verdade é que o verdadeiro cumprimento em que se declaram os demais, e que serve de lei mental a todos é :todo sou vosso tirando fazenda e corpo.No acudir ao perigo, fazer-se manco.Na cama pequena deitar ao meio.No lugar estreito, correr diante, que quem vem tarde mal se agasalha.Ribeiro grande, saltar de trás, que a verdadeira discrição é experimentar em cabeça alheia, e a mais trilhada parvoíce é não cuidei.- Não vos desfaçais dessa doutrina, que é a melhor regra para viver em paz sobre a face da terra que quantas andam nas cartilhas antigas»
Francisco Roíz Lobo


guidosarraza

23.5.07

Une nette complicité




crisdovale

Pedro Santerna Lusitano

«Aqui, não riscas! É dito com uma voz tronitoante. É uma mensagem enviada com uma cara de quase desdém. Quem não pode riscar ainda não faz parte do grupo. Precisa de ser iniciado. Depois, correndo tudo bem, vai juntar-se aos que podem riscar. Isto é: passa a fazer parte daqueles que contam. É assim hoje. É assim desde que há marinheiros. No navio, os mais novos não tinham direito a riscar. Ou seja, não lhes era permitido marcar no navio, o lugar que era deles fazendo os riscos de partição da zona do navio que lhes cabia numa viagem. Não riscavam. E muito menos podiam, alguma vez, pisar o risco.
Após algumas viagens, na altura, vários anos, sem pisar o risco e sem direito a riscar passava-se, um dia, a poder dizer quais as fronteiras virtuais do domínio onde vinham descansar, riscando as tábuas do navio.
Os noviços não riscavam, mas passavam por grandes riscos. É verdade, foi no mar que nasceu a noção de risco. A teoria do risco é a origem e a fonte do cálculo de probabilidades.
Como quase todas as ciências evoluiu a partir de conceitos formulados na vida de todos os dias. O génio humano revela-se quando alguém consegue sintetizar o problema. Entendê-lo e pô-lo “urbi et orbi” de uma vez por todas, para que gerações atrás de gerações lhe dêem a resposta que o seu tempo for capaz de dar.
Ora faz quatrocentos e cinquenta anos que um português redigiu e publicou, pela primeira vez, as questões que ainda hoje perseguimos com a teoria do acaso e das probabilidades e que ainda hoje tantas questões nos põe quando lidamos com os problemas dos seguros.
Ele assinava-se, no livro, como Petro Santerna Lusitano. Ou seja Pedro, Português, com certeza. De Santarém, obviamente. O livro intitula-se “Tractatus de Assecurationibus et Sponsionibus”. Pedro de Santarém era, claro está, jurisconsulto.
Mas, foi ele que há quatrocentos e cinquenta anos pediu a quem pudesse que lhe resolvesse as questões de risco. A teoria do risco evoluiu, entretanto, com o cálculo do acaso e da probabilidade. Mas, as questões essenciais colocadas há quatro séculos e meio ainda não foram cabalmente respondidas. Por exemplo, Pedro Santarém pergunta-se no livro publicado em Florença em 1552: Algumas vezes a palavra “risco” compreenderá o caso fortuito? O acaso é parte do risco? A palavra risco, empregada em absoluto sobre coisas transportadas por mar, compreende o caso de tempestade adversa? Causa e ocasião são, sempre, coisas diferentes?
Há, hoje, alguma matemática sobre estas questões. Há, mesmo, a cultura de uma vida sem riscos. Pelo menos com riscos que alguém assume por nós.
Ou, ainda mais fantástico: pensamos que a sociedade pode ficar com os riscos e nós com o dia a dia. Mas, resposta, uma resposta, ainda não há.
Se não acredita lembre-se dos seus contratos de seguro. É da má língua geral dizer que dos Seguros a resposta que quase sempre vem, mesmo com um seguro contra todos os riscos, é: você, aqui, não risca! No entanto, Pedro de Santarém, o Português, riscou, há quatrocentos e cinquenta anos, uma região nova para a viagem do conhecimento humano.»

F.Carvalho Rodrigues, in «Convoquem a Alma»


crisdovale

A cantora é encantadora


Conceição Lino e trio. Gershwin e Cole Porter noite adentro.
A very high musical and emotional level...
A rodos, o charme.


brunoventana

22.5.07

Foi assim

“Compreendo que seja apetecível governar os portugueses e que certas pessoas morram de ansiedade por não praticarem regularmente esse acto libertador.”
V. Pulido Valente


Como assinala VPV, desde 1820 a 2005, a Direita governou em números redondos 125 anos e a Esquerda 58.
Isto por si já mostra qualquer coisa.


«(...) A Esquerda governou várias vezes depois de revoluções que o imobilismo da Direita tinha tornado inevitáveis: três anos entre 1820 e 1823, três anos entre 1836 e 1839, quatro meses e meio em 1846, um ano entre Julho de 1868 e Agosto de 1869, dois meses em 1870, quinze anos (com três interrupções que duraram por junto dois), entre 1910 e 1926, e quatro anos e meio, entre 1974 e 1978.
Deste tempo seria justo descontar aquela parte em que a Esquerda, estando no poder, se ocupava essencialmente em destruir a Esquerda e a criar condições para um rápido regresso da Direita.
(...)
A Esquerda também governou aos bochechos, se por qualquer razão a Direita preferia que fosse ela a carregar com o odioso de situações intoleráveis
(...)
Por fim a Esquerda governou nas épocas em que nada a distinguia da Direita e, portanto, inspirava alguma confiança, embora condicional e contrariada, aos interesses estabelecidos
(...)
De resto, cento e vinte e cinco anos, a Direita mandou.
(...)
Em Portugal não há, jamais houve, qualquer possibilidade do que no reles calão dos nossos políticos se chama alternância de poder.
A Esquerda constitucional apareceu no continente europeu pela aliança de uma parte da classe média com a pequena burguesia e as classes trabalhadoras.
Os partidos radicais e após eles os partidos sociais-democratas fundaram-se nisto, ou seja, na divisão da classe média entre a Direita e a Esquerda ou, se se preferir, entre o Poder e a Oposição, entre os interesses estabelecidos e aqueles que esses interesses exploravam, oprimiam ou injustamente subordinavam.
Ora, para que a classe média se divida, é necessário que ela seja grande e forte. Uma classe média pequena e fraca raramente está em situação de desafiar o poder e os interesses dominantes.
Não tem força para os vencer nem, quando por acaso os vence, para se impor à pequena burguesia e aos trabalhadores a quem se aliou.
Os setembristas e os republicanos ficaram nas mãos da plebe de Lisboa, sob a forma de batalhões nacionais ou de múltiplos grupos terroristas que o Partido Democrático de Afonso Costa energicamente patrocinava.
No 25 de Abril, os adeptos da “justiça social” depressa perceberam o que se arriscava a suceder-lhes se persistissem nessa nobre inclinação.
A classe média portuguesa só se revolta em desespero: ou por pura miséria (1820, 1836) ou para fugir à guerra (1974), ou porque a Direita a mantém à margem, sem a satisfazer e sem a reprimir (1868, 1910).
Caso contrário tende a juntar-se aos seus legítimos superiores e a servi-los, veneradora e grata, como o exemplar “feitor dos ricos” que foi Salazar.
Daí o velho impulso para a União Nacional. Desde pelo menos 1834 até ao fim do sec. XIX, a Esquerda desejou apenas que a deixassem “entrar” e sentar-se à mesa. Detestava ser Esquerda e agir independentemente como Esquerda, pedia o tempo todo a fusão dos partidos e a conciliação dos portugueses.
Era, como se dizia, “pasteleira”, apologista de se misturar as coisas e do “sempre cabe mais um”. Contentava-se com migalhas: os seus grandes heróis – Saldanha, Passos, José Estêvão, Rodrigues Sampaio, Casal Ribeiro – mudaram-se para a direita de armas e bagagens ou especializaram-se em entregar, ou propor que se entregasse o poder à Direita em troca de uma modesta recompensa, como Sá da Bandeira ou António José de Almeida.
A Direita, aliás, percebeu invariavelmente o que a Esquerda queria.
Tirando os Absolutistas e Salazar, evitou aparecer com a cara dela e fingiu fazer um “pastel” ao gosto geral. Foi assim com os Regeneradores e foi assim com o abstruso Partido Social-Democrata de Cavaco.
A classe média meteu-se lá inteirinha, contente que nem um rato, e não sai de lá, a menos que se sinta ameaçada na bolsa e na vida....”

Vasco Pulido Valente
1988



bventana

O nome de Portugal

Correio do leitor: (sobre Mapa de portugal)

«a memoria said... Nem ele nem os da sua geracao perceberam o que foi a descoberta.Quando esta civilizacao acabar e um dia acabara. Quando o homem comum ainda souber dela menos que hoje sabe da que ficou conhecida como a egipcia ainda se aprendera na escola o nome de Portugal. Porque aos meninos da escola sera ensinado que nesta civilizacao (a que chamarao o que seja) os humanos descobriram as estradas para irem uns ate outros e aprenderao os meninos que as estradas terrestres se devem aos romanos, as do mar aos portugueses, as do ar aos americanos, as do espaco exterior aos russos e as do tempo (das telecomunicacoes) aos escoceses. Foi uma descoberta a que os nossos antepassados fizeram. E que antes dos portugueses nao se sabia que era possivel ligar toda a humanidade por estradas do mar e nem tao pouco que todos os oceanos estavam ligados num so. E se quiserem prova vao ate ao museu nacional de arte antiga e num dos biombos japoneses vejam na nau de Macau e em terra pintado o primeiro retrato de toda a humanidade.Estao la os do brasil, de africa, da India, da indochina, da China, da Europa, todos. Mas nessa epoca nao havia esquizofrenia entre uma nacao ferozmente independente e um estado governado como um protectorado. Eramos muito pobres e muito independentes e foi isto mais o nosso genio que nos fez imortais para aleem do fim desta civilizacao... dos consules que hoje se arrastam como proconsules das potencias protectoras nem se ouvira nem se falara dentro de vinte anos SDQ»


crisdovale

Reluzente (mas pouco)



As acções da Benfica SAD tiveram uma estreia reluzente na bolsa Euronext Lisboa, terça-feira, evidenciando ganhos de 20,4% na primeira hora de negociação.

Adenda- Acções do Benfica fecham a cair 11,6%, para 4,42 euros


crisdovale

The job


"The office of the Prime Minister is what the holder chooses and is able to make of it."
Herbert Asquith

"Interesting work. Fine town house. Nice place in the country. Servants. Plenty of foreing travel. I would not give it up if I were you."
Harold Macmillan to James Callaghan

"There are three classes which needs sanctuary more than others - birds, wild flowers and Prime Ministers."
Stanley Baldwin

"There are two supreme pleasures in life. One is ideal, the other real. The ideal is when a man receives the seals of office from his Sovereign. The real pleasure comes when he hands them back."
Earl of Rosebery

(10
Downing Street website - Home)


crisdovale

21.5.07

Manufacturamos realidades



Damos comummente às nossas ideias do desconhecido a cor das nossas noções do conhecido: se chamamos à morte um sono é porque parece um sono por fora; se chamamos à morte uma nova vida é porque parece uma coisa diferente da vida.
Com pequenos mal-entendidos com a realidade construímos as crenças e as esperanças, e vivemos das côdeas a que chamamos bolos, como as crianças pobres que brincam a ser felizes.
Mas assim é toda a vida; assim, pelo menos, é aquele sistema de vida particular a que no geral se chama civilização.
A civilização consiste em dar a qualquer coisa um nome que lhe não compete, e depois sonhar sobre o resultado. E realmente o nome falso e o sonho verdadeiro criam uma nova realidade. O objecto torna-se realmente outro, porque o tornámos outro.
Manufacturamos realidades.
A matéria-prima continua a ser a mesma, mas a forma, que a arte lhe deu, afasta-a efectivamente de continuar sendo a mesma.
Uma mesa de pinho é pinho mas também é mesa. Sentamo-nos à mesa e não ao pinho. Um amor é um instinto sexual, porém não amamos com o instinto sexual, mas com a pressuposição de outro sentimento.
E essa pressuposição é, com efeito, já outro sentimento.

Fernando Pessoa


crisdovale

À conversa


vd in ABC


crisdovale

Multiusos

Correio do leitor:

"O novo estádio da cidade de Al-Kahder, nos arredores de Belém, na
Cisjordânia, cuja construção foi financiada por Portugal,
através do Instituto Português de Cooperação para o
Desenvolvimento, vai ser inaugurado na próxima segunda-feira. O
recinto custou dois milhões de dólares, tem capacidade para seis
mil espectadores, é certificado pela FIFA e dispõe de piso
sintético e iluminação. A cerimónia de inauguração abrirá com uma
marcha de escuteiros locais, conduzindo as bandeiras de Portugal e
da Palestina, e a execução dos respectivos hinos nacionais.
Já fechámos urgências, maternidades, centros de saúde e escolas
primárias, mas oferecemos um estádio à Palestina. Devíamos fechar
o Hospital de Santa Maria e oferecer um pavilhão multiusos ao
Afeganistão. A seguir fechávamos a cidade Universitária e
oferecíamos um complexo olímpico (também com estádio) à Somália e
por último fechávamos a Assembleia da República e oferecíamos os
nossos políticos aos crocodilos do Nilo."



crisdovale

JPP

- COISAS DA SÁBADO: “VENHO AQUI PAGAR AS COTAS DA MINHA SECÇÃO...”
- PODER: "O QUE É TEM MUITA FORÇA"
(in Abrupto)


crisdovale

Bom dia Manuel José!

" Não se pode dizer que a época tenha sido negativa"
Fernando Santos (publico-21.5)

Cuidado Benfica...


brunoventana

20.5.07

Catedral, 19.15


In bocca al lupo...
Crepi il lupo !




bruno ventana

Entre barras e postes

Paira uma electricidade enigmática, uma estranha e magnética atmosfera, como se os deuses, de extracção vária, preparassem um encanto, organizando uma cadeia de acontecimentos fora do curso que é o habitual nestas coisas...


brunoventana

Je fais partie d'un gouvernement réuni pour agir




crisdovale

Os intemporais


Everything should be made as simple as possible, but not simpler.
Albert Einstein


crisdovale

Against all odds

From Wikipedia:

Desenrascanço (impossible translation into english) : is a Portuguese word used to describe the capacity to improvise in the most extraordinary situations possible, against all odds, resulting in a hypothetical good-enough solution. Portuguese people believe it to be one of the most valued virtues of theirs.


bventana

19.5.07

Lembro-me de o Torga me ter contado uma história...

«(...) Lembro-me de o Torga me ter contado uma história que se passou com um ministro de Salazar, o Leite Pinto, que ia ao Brasil. O Torga tinha estado lá e era muito conhecido no Brasil, de modo que podia servir de cartão-de-visita, mesmo sendo hostilizado cá dentro. Ora, esse Leite Pinto antes de partir, foi-se despedir de Salazar e, nessa visita, começou a recitar um poema de Torga. O mais interessante é que Salazar continuou o poema e acabou de o dizer. O Torga contou-me isto de lágrimas nos olhos. A vida é muito complicada.(...)»
Eduardo Lourenço (Publica-13.05)


crisdovale

"...a melhor notícia que tivemos nos últimos tempos"

«Houve boas notícias para o Governo e para o país, nestes dias. O PIB cresceu 2,1% no primeiro trimestre de 2007: é um número a que de há muitoa anos não estávamos habituados e que reflecte já um crescimento real e não apenas residual. as reformas empreendidas por Maria de Lurdes Rodrigues, a melhor ministra deste Governo, começam a mostrar resultados e eles são uma devastadora derrota pra a Fenprof, confirmando que as inadiáveis reformas na Educação terão de ser levadas a cabo contra os sindicatos de professores: a população escolar aumentou 1,3%(embora o número de crianças não tenha aumentado), desapareceram praticamente as escolas com menos de dez crianças - um modelo antipedagógico e anti-social - 80% das creches e 90% das escolas do 1º ciclo passaram a funcionar até às 17.30 e as aulas de substituição, apesar da tentativa de boicote sindical e judicial, estão a ser um sucesso. (...)»
Miguel Sousa Tavares (Expresso-19.5)


«Quando se perspectiva a evolução de um país, o que surge sempre como a melhor aposta, a mais séria e duradoira, aquela que permite ultrapassar os grandes obstáculos ao desenvolvimento é a educação.
Na verdade, considera-se que esta é a chave que abre a porta a qualquer sucesso, quer esteja em causa a competitividade, a inovação, a reconversão ou a expansão.
(...)
Vem esta reflexão a propósito de notícias sobre resultados obtidos com medidas tomadas neste sector como, por exemplo, a reorganização da rede escolar com a redução do número de escolas com menos de dez alunos; ou o regresso de jovens ao ensino profissional; ou ainda o enriquecimento curricular ao nível do ensino básico com a introdução de novas actividades.
Se os resultados apresentados não forem apenas estatísticos, mas corresponderem a factos; se não se tratar de um episódio, mas de uma situação consolidada; se não se tratar de um fogacho, mas de uma firme orientação politica, então talvez esta seja a melhor noticia que tivemos nos últimos tempos.
Bem mais importante do que saber quanto o PIB aumentou, quanto o défice diminuiu ou quanto cresceram as exportações, seria a noticia de que o verdadeiro investimento - o que é feito na educação - estaria a seguir o caminho certo. (...)»
Manuela Ferreira Leite ( Expresso, 19.5)


crisdovale

...e de um derrame de petroleiro no estuário do Tejo.

Pires de Lima: «Portugal precisa de um primeiro-ministro CDS»

É o delírio, o galope, a correria infrene, a cabeleira ao vento, os olhinhos em alvo...

crisdovale

A bulhinha

É o Telmo (o que perdeu com Ribeiro e Castro). O júbilo foi imediato. Fica num plano assim à altura do Manuel Monteiro. Terão uma bulhinha muito sua, muito específica, bem ao largo do interesse do público que, naturalmente, não os irá querer incomodar.

crisdovale

Memorandum


O tempo não passa, o tempo é estático, o tempo é, nós é que estamos passando pelo tempo.
Abel Ribas

guidosarraza

Bizarra

António Costa nega pacto com Sócrates
António Costa garante que a sua candidatura a Lisboa não passa por qualquer acordo com José Sócrates com vista à sucessão do líder do PS. “Nem o primeiro-ministro se chama Tony, nem eu me chamo Gordon”, afirma, em entrevista ao Expresso, o ex-ministro da Administração Interna, referindo-se à sucessão dos trabalhistas ingleses.(expresso-19.5)


Esta declaração é bizarra: havendo um pacto do género, qualquer dos intervenientes, pela própria natureza do mesmo, sempre o negaria, como é óbvio; foi, aliás, o que fizeram ao longo de dez anos...Tony Blair e Gordon Brown.

Joaquim Aguiar ( Sic-N, em 18.5) viu bem: só daqui a uns meses é que saberemos, ao certo, as razões...


crisdovale

Mr Sarkozy’s coup de théâtre


An inclusive government
Nicolas Sarkozy picks his new team


crisdovale

18.5.07

Sobre a asa esquerda

José Miguel Júdice encontra-se em pleno desenvolvimento da sua trajectória a la Freitas. Pensa, como o outro pensava, aterrar em Belém rodando na aproximação sobre a asa esquerda. Se bem que mais fino que o pássaro antecedente, a empresa é por demais incerta. É que ele há voos do arco-da-velha.

crisdovale

Não me venham contar histórias

«(...) Mas eu pertenço a uma geração que viveu no interior desse regime. Quiséssemos ou não, estivemos inscritos no que para uns era uma prisão, para outros um regime aceitável, e para outros até modelar. Não me venham contar histórias. Eu estive lá e sei que, pelo menos até 1945, uma parte do povo português, se não tinha pelo regime um entusiasmo delirante, aceitava-o. Só uma minoria o contestava.(...)»
Eduardo Lourenço
Publica-13.5

crisdovale

Falsa partida


Tribunal Constitucional suspende eleições para Lisboa
Decisão surge após análise do requerimento do Partido da Terra


Ganham Roseta, Carmona (?) e a abstenção.
Perdem Costa, Negrão e Sá Fernandes
Nova partida, nova viagem.

crisdovale

Britain begins unprecedented six-week




Britain began an unprecedented six week transitional government yesterday as Gordon Brown accepted his landslide nomination as Labour leader and an invitation to a series of briefings with Whitehall permanent secretaries, police chiefs, defence chiefs and senior public service professionals.



crisdovale