31.12.05

E agora?

Por uma vez, a minha passagem de ano não se anuncia muito auspiciosa. Tinha pensado passar a noite, embrulhada numa manta e num livro policial manhoso, sozinha e sem passas (merda, esqueci-me das passas!), quando, de repente, me vi envolvida num programa familiar e numa pequena comemoração doméstica. Confesso que até gostei da ideia. Éramos apenas três. Passámos, entretanto, a dois. E o livro policial podia esperar. Mas, há pouco, quando entrei na cozinha e dei de caras com um lombo de porco ressequido, cortado em fatias muito fininhas e sem molho a acompanhar, comecei a ficar apreensiva: cheira-me que metade do agregado se vai fartar de barafustar. Ainda por cima, a sobremesa não ajuda: sem saber fazer doces (a não ser uma mistela com leite condensado que precisa de horas de cozedura), tive que me sujeitar a uma espécie de "sonhos" espalmados povilhados com açucar e com alguns dias de atraso. O jantar, que se pretendia festivo, foi hoje, à última hora, encomendado com carinho. Infelizmente, deve ser constituido pelo que sobrou de todos os outros jantares - esses, sim, veradeiramente festivos. E Deus e o homem sabem a importância que a comida tem nas relações afectivas. Um bom ano de 2006 é a única coisa que, neste momento, desejo. A todos.
ccs

COM OS VOTOS DE UM ANO NOVO CHEIO DE PERIGOSAS TENTAÇÕES

«As perigosas tentações que espreitavam de todos os lados, para apanhar de surpresa o crente desprevenido, atacavam-no com redobrada violência nos dias de festas solenes».

Declínio e Queda do Império Romano,
Edward Gibbon





Bruno Ventana

OUTROS DIAS VIRÃO

Surge a manhã de um novo ano



bventana

NA RAIA DO PIRES

Naná, minha velha parelha de tanta coisa colorida, algumas bem rabinas, um intenso 2006!

Vão-me relevar o desvio intimista, na raia do pires, mas daqui lhe mando uns (dos nossos) beijos mornos e meigos, de que a gente tanto usou. Bom ano, Naná. Que sejas feliz!
(A Naná, no exterior, é conhecida como naomi campbell)


guidosarrasa

DE UM ANO PARA O OUTRO

“Ainda somos o vamos deixar de ser e já somos o que seremos”
Paul-Eugéne Charbonnea

“Para qué llamar caminos
a los surcos del azar?”
Antonio machado




Salute

Às correntes clandestinas, que navegam entre nós e mostram os mistérios sem os desvendar, descobrindo e ocultando as proximidades e as distâncias.


Aos desejos e nostalgias, aos perigos e às paixões, que confluem, vorazes, nos signos de cada qual, pois desatá-los, um a um, é o sal de toda a vida: o tráfico dos sentimentos e dos encontros não identificados.

Porque fundamental é estar desperto para os acasos e, na descoberta, guardar para o mistério o bocado que é só seu, nunca esquecendo "quanto da beleza é a sabedoria do véu"...

Seja como for, atravessamos para 2006, como o fizemos para outros atrás, com António Machado:

“Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.”



GuidoSarrasa

Uma aventura com o dr. Mário Soares

Com o fair-play próprio de um cavaquista, e com a devida vénia à Kapa, partilho este pedaço de belíssima literatura:

UMA AVENTURA COM O DR. MÁRIO SOARES

texto: Vasco Pulido Valente
texto na íntegra: kapa

1. No princípio de Janeiro de 1985 e estávamos em pleno «Bloco Central», quando pedi ao dr. Mário Soares que me respondesse a um questionário académico sobre o papel do Primeiro-Ministro. Não lhe falava desde 1979. Ele não tinha apreciado a Aliança Democrática e proclamara, em círculos indiscretos, que me achava «telhudo». Para meu espanto, ele disse que sim e, no encontro, foi extravagantemente amável. À saída, chegou mesmo ao excesso e requinte de ir comigo ao elevador do 2° andar de S. Bento e de me oferecer os seus inestimáveis serviços. Estas vénias, eram tanto mais prodigiosas, quanto ele não ignorava que o «telhudo» escrevia semanalmente sobre ele no Diário de Notícias, coisas celeradas e pérfidas, com o objectivo confesso de o remover de Primeiro-Ministro.
Houve outros sinais: um sorriso cúmplice do dr. Almeida Santos que me inquietou; um beijinho público da dra. Maria de Jesus, que me sobressaltou; abraços efusivos de obscuros amigos da família, que me atrapalharam; a remessa de livros com efusivas dedicatórias; e meia dúzia de jantares sem objecto.
Admito que, à época, sendo muito ténue a minha percepção da realidade exterior, não dei por eles. Ou, pelo menos, não lhes atribuí especial importância. Tirando o estrito e trôpego cumprimento das minhas obrigações na Universidade Católica e no ICS, passava os dias e as noites na cama a embeber o espírito em espíritos e a reler a obra completa de Ludlum.
Só quando António Barreto voltou de um retiro sabático, o caso se esclareceu. O dr. Mário Soares desejava que a minha ornamental pessoa apoiasse a sua candidatura à Presidência da Republica. António Barreto não forneceu pormenores sabre a natureza desse apoio e devo admitir que o assunto também não me interessou. A especialização em Ludlum não me parecia auspiciosa e achei genericamente que sair de casa, fosse para eleger o dr. Soares ou sr. Justerini Brooks, me fazia bem.

Os trabalhos começaram em Fevereiro ou Março em S. Bento, e consistiam num jantar hebdomadário do presumível candidato com Vítor Constâncio, com Jaime Gama, com António Barreto e comigo, a que intermitentemente assistia um indivíduo denominado Gomes Mota. Nunca percebi as funções desta extraordinária «comissão» que, por motivos fáceis de apreciar, e apesar de toda a evidência em contrário, não existia. Vítor Constâncio e Jaime Gama ocupavam preâmbulo com hiperbólicos elogios ao «Mário». Constâncio declarava o ultimo discurso do «Mário» em Aljustrel «magnífico» e, saltando na cadeira, Jaime Gama declarava «magnifico» o ultimo discurso do «Mário» em Aljustrel. Ou Gama declarava «genial» a ultima entrevista do «Mário» e Constâncio ponderadamente explicava que ninguém podia deixar de compreender a «genialidade» da ultima entrevista do «Mário». O «Mário» ouvia estas inanidades com deleite, em parte por elas próprias, em parte porque visivelmente apreciava a competição das duas crianças pelo seu favor. O sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros e o sr. Governador do Banco de Portugal, entretidos um com o outro, não se coibiam. Para nós, para mim e o António Barreto, eles eram o Dupont e o Dupond da lenda e o pretexto de grandes galhofas post-prandiais. Mas nem o Dupont do banco, nem o Dupond do ministério se incomodavam com a situação. Em ambos luzia a astuciosa ideia de que em Belém, Soares não tencionava com certeza continuar secretário-geral do PS e ambos visivelmente imaginavam que o chefe os distinguia a bifes e batatas fritas com o secreto intuito de escolher um deles para lhe suceder.

Nunca houve uma conversa útil nesses jantares. Houve especulações ociosas sabre os planos do general Eanes, sabre os presumíveis candidatos da Direita (Firmino Miguel, Lemos Ferreira, Freitas) e sobre as mirabolantes intrigas do PSD. Soares contava firmemente com os votos do PSD. O Dupont e o Dupond concordavam e Gomes Mota sibilava fragmentos de frases subtis sobre a Esquerda. Outra escola de pensamento, representada por Barreto e por mim, exprimia algumas dúvidas sobre o amor do PSD ao candidato, cepticismo que o candidato tolerava com dificuldade e por mero respeito pela liberdade de expressão. Tinha um acordo leonino com Mota Pinto, segundo o qual o PSD se comprometia a sustentar o «Bloco Central» até 1987 e não lhe embaraçar as ambições a Belém. Entretanto, vinham a Lisboa «especialistas» alemães e americanos oferecer o benefício da sua experiência. Apareciam com zelo e desapareciam com angústia. Ninguém sabia quem era a oposição. Ninguém sabia se Mota Pinto se aguentava na presidência do PSD. Ninguém sabia se Eanes, invocando eventuais desordens no «Bloco Central», inteiramente prováveis, não acabava por dissolver a Assembleia da Republica. Ninguém sabia nada sobre coisa nenhuma. E Soares menos do que todos.
De repente, em algumas semanas, caiu o tecto. Mota Pinto, humilhado num Conselho Nacional, abandonou o governo e, para o lugar dele, foi interinamente Rui Machete. Depois, Mota Pinto morreu. E o Congresso do PSD, marcado para a Figueira da Foz, ficou, por assim dizer, sem dono. Que chefe iria produzir aquela desvairada congregação? O enérgico Salgueiro? O coleante Marcello? Pior ainda? Em S. Bento, o candidato berrava como um possesso. Numa tarde qualquer de Maio, recebi um recado para comparecer urgentemente no futuro «espaço Valbom», um prédio em carcaça com meia dúzia de quartos alcatifados. Lá dentro, rodeado por uma corte fúnebre, Soares tentava não aliviar a raiva, partindo cadeiras na cabeça dos dignitários. Logo que entrei mandou calar a canzoada. Precisava de me fazer uma pergunta, uma pergunta fatídica: «Quem é esse Cavaco?».

cristovaodovale

A ATENÇÃO MERECIDA

"Soares e a propaganda"

por André Azevedo Alves @
(in insurgente)
19:27


bventana

O VOO DO ANO

No centro da fabulosa Catedral, a voz gaiata e atrevida solta o brado, conjurando o destino em forma de Águia:

Vitóooooria, Vem !
E ela, soberba, veio.
Ao seu campo.



Bruno Ventana

O ESCRITOR PORTUGUÊS DO ANO

É uma figura a sério.
Vale a pena ler sobre ele.
Não tem pinga do marxismo no seu intelecto.



bvtana

O PEIXE DO ANO

Sem molho e muito vivo


bventana

O FORNO NÃO ESTÁ PARA BOLOS...

Que regime é este?!

(Publicado por josé
in Grande Loja)


bvtana

O liberalismo no seu melhor!

É por estas e por outras que eu não gosto deste blogue. Demasiado reles, demasiado primário, demasiado "provocador" - tomando por "provocação" o que, na maior parte dos casos, é apenas um sinal de invulgar vulgaridade.
ccs

O PENTEADO EMPRESARIAL DO ANO

(26.05)

O país acordou hoje com um exemplo raro de humildade que, como orvalho aos tratos do sol da manhã, brilhou com a simplicidade das pérolas.
Tratou-se, aliás, de uma pérola, mas daquelas do sentimento, daquelas que pulam das almas talhadas pelo buril do amor ao próximo.

Pois não é que Fernando Gomes, esse verdadeiro papo de anjo, ficou "surpreendido".
Surpreso, perplexo, abismado, foi o que ficou.

O simples só ambicionava, e só isso ousara tartamudear, um lugarzinho "como economista."

Fardadinho de azul, queria ferrar às oito e (disso não abdicava) lá pelo meio dia e meia hora fazia pausa, e da lanchonete tirava uma de paio e a sagres.
Depois, ao final da tarde, a sirene amiga, o desferrar e, com a poupa dianteira a ondular, voltar aos seus com o sabor do dever cumprido.

Era só o que o abnegado queria.
Mas não: fizeram-no administrador.
E agora, o pobre, até está desnorteado.

E nós também.


CrsDvaL


(26.05)

O FLIC-FLAC POLITICO DO ANO


(6.3.05)


O morgadinho de Gaia, essa flor do arbusto animal, do alto do seu complexo de aptidões terá pensado, e depois disse que Cavaco Silva não é “moderno, moderado e condizente com os padrões europeus”.
Mas, como, porventura, até ele já percebeu quem vai ganhar as próximas presidenciais, tentou um sorrateiro argumento – novo em matéria eleitoral – capaz de riçar o pêlo a qualquer um: “os militantes não devem, contudo, pensar só em ganhar as eleições”.

Devem até é pensar noutras coisas...

Com este bodo de honra, o morgadinho contribui, numa linha muito sua, com guturalidades e outros sinais valiosos para a confecção dum tratado de fala dos bugios, sendo que, depois do exercício, lhe refulgiam nos olhinhos atormentados pinchos de auto satisfação.

Tudo isto, que deve ser só o princípio, nos traz às observações do dr. Paul Sollier (vd. “Psychologie de l`idiot et de l´imbécile” lib. Félix Alcan, Paris, 1890):

"Nos chamados macacos jantareiros, à semelhança do que sucede nos idiotas, os sinais de alegria aumentam quando a comida é de borla, ou em casos pagantes, quando o criado do restaurante errou a conta para menos.
Mais, substituindo alguns dos pratos por palha, o animal dá profundos sinais de irritação."

Temos pois um caso de galopadas do pensamento.
Enfim, tudo visto, terá de ser explicado ao morgadinho que, em termos de pagode macacal, o PSD já deu para esse peditório.
Só faltava mesmo era o macaquinho de pilha 2.



BrVtna

PRÉMIO DISNEY/2005

Bem, "raízes cá na terra não tenho". Por atacado, “Vou a Fátima, vou a umas toiradas, vim ver uns amigos.”

Não há crise.

Um belo dia dei comigo em Secretário de Estado dos Assuntos do Mar, e a minha experiência na área, por atacado, era “gostar de ir à praia e andar de barco, nada mais.”

Santarém, já fustigada pelo bestial Relvas e pelo inenarrável Lacão, apanha agora com este pândego.

E traz, pelo que relatam os jornais, 2 ideias 2 para a região:
A “Norte” arranca o Museu da Bíblia (!); a “Sul”, “um parque temático como o Eurodisney”.

E se dessem ao patusco uma caixa de Lego?


crsdovale

CANTIGAS POLITICAS DO ANO

Com duas cantigas isto vai lá.



bvetana

A PREVISÃO POLITICA DO ANO

Estava escrito nas estrelas e na “MinhaRica” (vd. Blairismo à transmontana – 28.9.04).
(21.2.05)

bventana

A FRUSTRAÇÃO POLITICA DO ANO


Enquanto no PSD se vive o borralho das aventuras de correio a cavalo, mantendo-se ainda assim em cartaz novos números de coliseu ( o cereja já assomou na sua frincha), as atenções viram-se para a incubação do novo governo.
A TVI, não se intimidando com o já celebre “habituem-se”, chiado em tons púrpura pelo dr Vitorino (quem terá ficado com as chaves do castelinho?), já debitou uma constelação de governantes e peras.
Todavia, a apreensão instalou-se. Porventura o pânico, ainda que larvar.
É que, no jorro de talentos, na enxurrada das aptidões, não se viu ainda, a boiar que fosse, o nome dele.
É certo que ainda não é tarde.
Até ao final da semana, certamente luzirá das imerecidas sombras o seu ritmado e rimado nome.
Outra coisa não seria só crueldade, mas a atrocidade mais bestial.
Era o circo romano de volta.
A barbárie nua.
Daí, estar a engrossar um ribeiro de almas boas, que as há, adubando para quinta-feira próxima uma piedosa iniciativa, “a manifestação de um grito só”, que, acompanhada de tubas, vai estrondear:- “Não esqueçam o Valadares!”

(vd.Todo alçado no bico dos botins - 20.12.04)

cristovãodovale

O PPV - A HIPÓTESE POLITICA DO ANO


Paulo Portas não quer. Nobre Guedes não quer. Lobo Xavier não quer. Pires de Lima não quer. Maria José não quer. Telmo Correia não quer.

Antes que a coisa resvale para o patim de um Ribeiro e Castro, porque é que não se vai buscar o Manuel Monteiro?

Esse, o líder de "os viáveis”.

Seria o rebobinador.

Com ele viria o Fifé.

Teríamos o PPV – o Partido Popular Viável.

Brventana

O AUTARCA DO ANO

O COLECTOR

Nutrido dos guisados mais refogados do bloco central dos interesses, que lhe deixam atritos nos cascos das coroas, o ex-autarca isaltino estrebucha, indecoroso.

O colector de “veios centrais” ou não percebeu ainda o que se passa ou, percebendo-o, o apelo do fricassé é tão intenso que qualquer prancha de nau lhe serve para o voo.

O tempo está ruim para momices de habilidosos – se algum sentido teve o voto de 20 de Fevereiro foi o do varapau no lombo dos tronchas – e se alguns, os mais vivaços, o entenderam e tiraram sabática, outros, porventura mais abeberados na modorra das delícias, pensam que a velha e sebenta dona impunidade lhes vai continuar a babujar de beijos húmidos a cara espaçosa.
Já chega de chispe de porco!Vá varejar bolotas para os cevados!


cristdovale

MOVIMENTO DIPLOMÁTICO DO ANO

"Nomeação - Ferro Rodrigues vai para embaixador na OCDE"
(12.08-publico)



Trata-se de um excelente momento da representação externa do nosso país.
É bonito e não envergonha.

Assim, tão estimulante, só a licenciatura de vara.



crstdoVale

DIVINO - O INTELECTUAL DO ANO


A pândega voltou ao Jardim Zoológico e à aldeia dos macacos graças ao divino.

Nas últimas semanas, o feixe de aptidões da sua mioleira deitou ao mundo estes bocados d´oiro

- Alegre é o candidato presidencial do ps. Assunto encerrado e, aliás, bem encerrado;

-"Mario Soares é uma falsa boa ideia."-"O cidadão normal nem sequer leva a sério a candidatura de soares";

-"Se o ps apoiar essa candidatura, acabarei por apoiar também."

Os macacos, compinchas de regabofe , curtindo macacadas como poucos, riem às bandeiras despregadas com as momices do patusco.

crsdvale

Por la misma razón

"Sustento en fin lo que escribi y conozco
Que aunque fuera mejor de otra manera,
No tuvieran el gusto que han tenido
Por que as veces lo que és contra el justo
Por la misma rázon deleita el gusto."




Lopo de Vega
Arte Nueva de Hacer Comedias




bvtana

MOMENTO POLITICO MAIS BONITO DO ANO

"- «Não me barricarei» no Parlamento, diz ex-assessor de Santana. Deputado social-democrata Miguel Almeida garantiu que pedirá levantamento da imunidade parlamentar, se for chamado a prestar esclarecimentos no caso Freeport, onde é suspeito de tentar incriminar Sócrates e no âmbito do qual foi constituído arguido" (portugaldiário-6.7)



Adivinha-se que aquilo que move este serafim da democracia, benza-o Deus, é servir o país; trabalhar, pensar, agir, quem sabe legislar, em prol da grei, que tão necessitada está.

"Não me barricarei!" é um brado d´alma de riçar o pêlo.

É mesmo um programa de acção. Gordo.

Temos moço.
E com políticos deste estofo, sabedores e rebuçados de ética, a gente sossega, anima-se até com o futuro da República.

E quem o mirar das galerias, topando-lhe o olhar, notará que o mesmo trai um diáfano intelecto, pronto a iriar as asas nos brilhos prismáticos do sonho num Portugal mais moderno e, sobretudo, melhor.



crstdodvale

Porque vivemos

pátria


A pátria não é apenas
um corpo de bailador.
Não são duas mãos morenas
Nem mesmo um beijo de amor
Mais do que os livros que lemos,
Mais que os amigos que temos,
Mais até que a mocidade,
A pátria, realidade,
Vive em nós, porque vivemos.


Pedro Homem de Melo



brventana

TURVO,MUITO TURVO

P*ortugal- país de maravilhas! (36 anos depois de Salazar/ Caetano)


Publicado por josé às
3:05:00 PM.
(in Grande Loja)


bventana

UPGRADING

"Cultivando «uma relação de afecto, quase amor» - como o próprio candidato definiu -, Mário Soares distribuiu beijos e abraços pelas peixeiras e pescadores de Espinho e procurou «falar-lhes ao coração»"
(diariodigital)


crsdovale

30.12.05

EM RODA LIVRE

"Ele hoje está como o diabo gosta"
popular



Agora "dá" maiorias, e das absolutas...



crsdovale

As coisas de que não gostei em 2005 (III)

Vamos ver se acabo, de vez, com isto. E com "as coisas" de que não gostei em 2005 para poder fazer outras coisas. Aqui estão as últimas:

- O culto de José Mourinho içado à categoria de hérói nacional
- Os artigos de César das Neves - ia-me esquecendo dele.
- Os programas de Bárbara Guimarães na SIC-Notícias
- A figura que Ramalho Eanes anda a fazer só para se vingar de Soares
- A série "Pedro e Inês", na RTP
- O imenso e inexplicável prestígio de Leonor Beleza, agora à frente de uma Fundação de Saúde, depois do que conseguiu fazer com a Saúde em Portugal
- O grupo de amigos do filho de Ribeiro e Castro que decidiu substituir a insubstituível Juventude Popular.
- O Expresso

E, por aqui, me fico!
ccs

A BARRAGEM DO CASTELO DO BODE

“Isto de mitos só no que se não parecem uns com os outros é na roupagem”
Aquilino Ribeiro




A minha magnífica comparsa, CCS, achou por bem separar águas – usando, para tanto, não o pequeno açude, mas a barragem do Castelo do Bode - no que respeita ao interessante tema “AJTeixeira”.
Regista-se o evento com a quietação própria da casa franca e até libertária que é a nossa.
Onde fica um reparo, é quanto ao “zelo pidesco” dos cavaquistas em relação ao DN.
À uma, porque, sendo eu cavaquista, compro o dito DN, com prazer (quer dizer, nos dias em que traz o Pedro Lomba ou o Vasco Graça Moura), e à outra porque o tema (AJTeixeira) não abona adjectivos tão ferozes.
Ele parece bom sujeito, e até educado.
Mas é sonso.
Nada mais.

Agora, que a entrada da minha magnífica comparsa nesta casa foi uma lufada de ar fresco, isso sou o primeiro a reconhecer.


Cristovao do Vale
.

As coisas de que eu não gostei em 2005 (II)

Depois de uma breve interrupção, em que tive que tratar de alguns problemas domésticos, sem relevância de maior, regresso, com uma alegria um pouco suspeita, à lista das coisas de que não gostei em 2005:

- O livro "Portugal hoje, o medo de existir" de José Gil (eu sei que foi um êxito)
- O Plano Tecnológico
- A palavra pátria dita com patriotismo
- Os discursos de Jorge Sampaio
- O programa de Marcelo Rebelo de Sousa na RTP
- Os pactos de regime
- A poesia de Manuel Alegre
- O livro "Bilhete de Identidade" de Maria Filomena Mónica
- A superior moral do Bloco de Esquerda
- A quase unanimidade dos comentadores em relação a Cavaco Silva
- O acordo entre Portugal e a China na área da Justiça(?)
- A cobertura televisiva do Tsunami
- As opiniões de Vicente Jorge Silva (apesar de não as ler, há muito tempo)
- Os livros de Dan Brown que enchem os escaparatos de qualquer livraria
- Os imitadores de Dan Brown que também enchem os escaparatos de qualquer livraria
- O discurso dos candidatos presidenciais sobre as mulheres
- O "habituem-se" de António Vitorino
- O Harry Potter
- Os mandatários para a Juventude das várias candidaturas (e por que não um mandatário para a terceira idade?)
- Os debates sobre os grandes temas nacionais
- As generalidades que se dizem nesses debates
- A demissão de Campos e Cunha
- O jornalismo de causas

(continua)
ccs

Não acredito!

Não acho muito boa ideia esta história de Mário Soares andar por aí a dizer que foi ele que deu a primeira maioria absoluta a Cavaco Silva. Quer dizer que, afinal, é ele o principal responsável pelos dez anos de cavaquismo que tanto mal nos fizeram? Não acredito!
ccs

Ah sim?

"A minha família é demasiado civilizada para votar Cavaco", Tiago Cavaco, Pulo do Lobo
ccs

E agora as coisas de que eu não gostei em 2005 (I)

Aviso já que são muitas. E que a lista que se segue está longe de ser exaustiva. Aqui vai de forma aleatória:

- O sectarismo que existe em todas as campanhas
- Os comentadores desportivos
- O governo de Santana Lopes
- O Eixo do Mal, na SIC-Notícias, donde felizmente saiu Pedro Mexia
- A campanha de Manuel Maria Carrilho para a Câmara de Lisboa
- As entrevistas de Ana Sousa Dias (Pois é! Não gosto o que não quer dizer que não goste da escolha dos entrevistados mas isso é outra história)
- O filme de terror Felgueiras&Companhia
- A forma como está a correr o processo Casa Pia
- A proibição de fumar na TVI
- O anti-tabagismo primário
- A "reforma" da Justiça iniciada pelo governo
- O mês de Agosto - mesmo o mês de Agosto em Lisboa
- A nomeação de Fernando Gomes para a administração da Galp
- Os ataques inevitáveis a Sarkosi a propósito dos motins em Paris
- O historiador Rui Ramos, uma das novas estrelas da direita
- O novo líder do partido conservador inglês, outra das novas estrelas da direita (tão cintilante como a anterior)
- O estalinismo de alguns liberais
- As deficiências políticas de G.W.Bush
- O oportunismo político de Eduardo Prado Coelho
- A "cidadania" de Manuel Alegre
- A Ota e o TGV
- O pseudo-centrismo de Ribeiro e Castro
- A moda dos "manifestos"
- A Visão
- O lacismo exarcebado
- A quantidade de asneiras que se disseram e escreveram sobre a escolha do novo Papa
- As pretensões intelectuais de Clara Ferreira Alves que deve ser a única "escritora" que nunca escreveu um livro

Já volto!
ccs

O que eu gostei em 2005 (II)

Voltando às coisas de que gostei em 2005, lembrei-me de duas, depois de ver as coisas, pessoas e gestos que consoloram João Gonçalves no Portugal dos Pequeninos. E lembrei-me de outras, pelo caminho. Comecemos pelas primeiras:

- "O sal da terra" de Ratzinger e a "Indrodução ao espírito da liturgia" também de Ratzinger
- "A história secreta" de Donna Tartt
- A candidatura de Rúben de Carvalho à Câmara de Lisboa
- O livro "Europe" de Norman Davies
- Os balanços de Francisco José Viegas
- "Ivan o terrível" de Eisenstein (em DVD e em memória de gostos antigos)
- A reportagem de Cândida Pinto, na SIC, sobre Snu Abecasis
- O inspector sueco Kurt Wallander
- Sinatra at the Sands, com Count Basie, claro
- Os dias e as noites eleitorais na TVI
- As crónicas de Pedro Lomba
- Os jantares de sexta-feira
- A "Internacional" no enterro de Álvaro Cunhal
- O elogio de Medeiros Ferreira
- Os óscares atribuídos a Clint Eastwood
- O exemplo de João Paulo II
- A série "Sem rasto"
- Os jornais ao sábado

E fico-me por aqui - já chega de coisas boas!
ccs

AJTeixeira

A lista de Medeiros Ferreira lembrou-me uma coisa que ando para escrever há uns dias: a caracterização de António José Teixeira como valet de chambre de Mário Soares feita aqui neste blogue é, na minha opinião, profundamente, injusta. Pode-se discordar do modelo de entrevista seguido pela SIC-Notícias com Mário Soares, semelhante, aliás, ao que a TVI adoptou com Marcelo Rebelo de Sousa e ao que a RTP usa também com Marcelo Rebelo de Sousa e com António Vitorino. Mas daí a ver nos jornalistas, que conduzem este tipo de entrevistas, meros apaniguados dos entrevistados vai um passo que eu não dou. António José Teixeira é um jornalista com provas dadas e um comentador (TSF e SIC-Notícias) que eu, como Medeiros Ferreira, também aprecio. Curiosamente, num ou noutro caso, até acho os seus comentários demasiado "equilibrados". Mas isso é uma questão de estilo! Para além disso, irrita-me o zelo pidesco que os apoiantes de Cavaco Silva aplicam ao Diário de Notícias - como me irrita também a "caça às bruxas" empreendida pelos apoiantes de Mário Soares. Isto não quer dizer obviamente que a Comunicação Social seja intocável e que não se cometam, por vezes (ou muitas vezes), excessos e deturpações, que devem ser criticados. Agora, os processos de intenções permanentes são, no mínimo, desagradáveis.
ccs

Comunicação Social 2005

À lista de Pacheco Pereira sobre que houve de bom e de péssimo na Comunicação Social em 2005 e lidos os contributos de Rodrigo Adão da Fonseca no Blue Lounge tenho apenas a acrescentar duas coisas, uma péssima, outra apenas má:

- A ausência de programas de informação nas televisões generalistas
- O programa de Marcelo Rebello de Sousa com Ana Sousa Dias que serve de contraponto, na RTP, aos comentários de António Vitorino.

E, já agora, uma coisa boa, embora eu seja suspeitíssima, nesta matéria - mas até por isso:

- As crónicas de Vasco Pulido Valente no Público

ccs

ALENTEJO

A luz que te ilumina,
Terra da cor dos olhos de quem olha!
A paz que se adivinha
Na tua solidão
Que nenhuma mesquinha
Condição
Pode compreender e povoar!
O mistério da tua imensidão
Onde o tempo caminha
Sem chegar!...


miguel torga
Sousel, 20 de Outubro de 1974


brvtana

VOTO

Não justificando uma micro-causa, justifica um voto: que o ano novo acabe com a barbárie na sic-n/ desporto.


crsdovale

A RODA DA FORTUNA

"Quem sabe se a roda da fortuna, que já há tanto tempo, em voltas sucessivas, parece insistir em girar contra nós, quem sabe, digo, se neste momento quererá voltar em sentido contrário"
O.M.


"Para mim a crise, sob a qual nós vergamos, tem de ser encarada sob três aspectos.

O primeiro é o desequilíbrio orçamental; o segundo é a circulação fiduciária; e o terceiro é o desequilíbrio capitalista ou económico, como se quiser chamar, quero dizer, a diferença entre o ingresso e as saídas, quer de mercadorias, quer de capitais.

Ora, invertendo a ordem por que enumerei estes três elementos, começarei pelo último.

Não cansarei a câmara reproduzindo algarismos que todos conhecem, e fazendo considerações que hoje, felizmente, estão no espírito de todos e que é deplorável que o não estivessem há muito tempo; porque o facto é que, desde longos anos, nós vivemos uma vida completamente artificial, abandonando as fontes da riqueza natural do pais.

Nós chegámos a este estado, verdadeiramente anormal, de consumir exclusivamente produtos estrangeiros e de trabalhar exclusivamente com capitais estrangeiros; de nos dessangrarmos anualmente com o serviço desses capitais e com o preço desses produtos!

Assim vivíamos efectivamente e assim vivemos durante largos anos, se o espaço de meio século, pouco mais ou menos, se pode chamar largos anos; mas vivemos como?

Vivemos exagerando a soma da dívida pública até às proporções verdadeiramente esmagadoras em que hoje se encontra.
(...)
O equilíbrio orçamental não se obterá senão à custa de uni sacrifício feroz, permita-se-me a expressão, que tem ele abranger todos os funcionários, credores do estado, proprietários e industriais.

Só assim é que o movimento pôde ser nacional e o sacrifício corresponder ás exigências da situação e do país.

Este sacrifício tem de abranger empregados civis e militares, há-de abranger todos, absolutamente todos em igualdade de condições. O governo não veia aqui para estabelecer guerra de classes, veio, em nome da salvação pública, para pedir a todas as classes do país um concurso de esforços enérgicos para ver se conseguimos salvar a nossa terra da situação deplorável a que a levaram."


Discurso de Oliveira Martins em 20 de Janeiro de 1892.
(Ministro das Finanças no governo presidido por Dias Ferreira, apresentou o programa financeiro do novo governo)
(Portal da História
Manuel Amaral
2000-2005)


bvtana

29.12.05

JPP e Bento XVI

O texto de Pacheco Pereira sobre Bento XVI já está disponível no Abrupto.
ccs

A ler

O texto de Pacheco Pereira publicado, hoje, no Público (sem link, como já se sabe), sobre o Papa Bento XVI e a sua influência nos meios intelectuais do Ocidente. Três notas apenas:
1. Compreende-se que PP considere "raro" e, de certa forma, surpreendente, a curiosidade intelectual que este Papa desperta. Mas, como o próprio PP refere, "a solidez teórica de Ratzinger" não surgiu com a sua passagem a Bento XVI. Ratzinger, uma das "revelações" do Concílio Vaticano II, é autor de uma obra reconhecida (e polémica) que procura, acima de tudo, reafirmar o primado da tradição na fé e na teologia. Daí o uso do camauro e a importância que sempre deu à liturgia. Neste ponto, o seu pontificado continua o de João Paulo II de quem foi, aliás, muito próximo. É natural que a sua eleição tenha amplificado o interesse pela sua vida e pela sua obra. Mas, há algum tempo, que a sua interpretação da doutrina está na origem de muitos debates.
2. Não sei se a ameaça do fundamentalismo islâmico contribuiu, como defende PP, para o reforço de "um sentimento de comunidade, de pertença a uma mesma tradição cultural" numa Europa que, segundo Ratzinger, se caracteriza pelo "relativismo moral". Ou se o interesse que os europeus sentem pelo Papa não corresponde, antes, ao interesse que este sempre lhes dedicou. Enquanto João Paulo II procurou comaltar a indiferença da Europa, com uma Igreja espalhada pelo mundo (nomeadamente pelo Terceiro Mundo), Bento XVI nunca escondeu (até pelo nome que escolheu) a sua esperança no "renascimento" de uma Europa, assente nos valores do cristianismo que definem a sua identidade. A Europa, segundo Ratzinger, ou é cristã ou não é.
3. O dinamismo teológico do cristianismo, tanto católico, como reformado, em contraste com a cristalização do Islão, leva PP a concluir que uma religiâo que tem uma Igreja e, na versão católica, uma hierarquia que termina no Papa, fala mais facilmente "para tempos diferentes, de formas diferentes, mesmo que a Voz seja a mesma". Seria assim, se o contraste confirmasse apenas as virtualidades do cristianismo e deixasse de lado as particularidades do Islão. Mas é no Islão que devem ser encontradas as razões que justificam este contraste. Basta ter presente a teologia judaica para se perceber que a hierarquia não é uma condição indispensável ao dinamismo da teologia.
ccs

A DÍVIDA PORTUGUESA

"(...) Não está permanentemente aberto (o teatro) pela simples razão de que as receitas são mais que medíocres. Os artistas e os directores encontram-se frequentemente uns para com os outros na mesma situação em que o sr. de Talleyrand se achava para com um credor importuno:
- Desejava saber, disse este, quando Vossa Excelência me pagava.
- O senhor é muito curioso, respondeu o Principe. "

Maria Rattazzi
(Portugal de relance)



guido sarrasa

SAA

Os saberes e os sabores de um clássico.
Com gosto agudo.



bventana

O que gostei em 2005 (I)

Infelizmente, não tenho como Medeiros Ferreira uma agenda que me facilite o exercício. Mas depois de ler o seu post, pus-me aqui a pensar nas coisas de que gostei em 2005. A ordem é aleatória. E a lista não é exaustiva. Nem sequer definitiva: será actualizada à medida do que me for lembrando. Para já, fica isto:

- um fim-de-semana em Cascais
- "O homem que matou Liberty Valance" de John Ford, editado em DVD
- a série Seinfeld na SIC Comédia
- "A Igreja das Meninas Mortas", um "policial" escrito por Stephen Dobyns
- A caixa de DVD's "Fred&Ginger" com os filmes de Fred Astaire e de Ginger Rogers.
- O desastre eleitoral de Santana Lopes
- O canal de cabo AXN
- A obra "Bajazet" de Vivaldi dirigida por Fábio Biondi
- A "Sábado" (advertência: sou colaboradora da revista)
- Os almoços de domingo
- O livro "Endiablade" de Boulgakov (tradução francesa) que não conhecia
- A "Quadratura do Círculo" na SIC Notícias
- "Million Dollar Baby" de Clint Eastwood
- As crónicas de Ana Sá Lopes
- A eleição de Bento XVI
- Uma antologia de Edwin Fischer, da editora Andante, que encontrei, por sorte, em Paris
- A candidatura de Mário Soares
- O filme "Fúria" de Fritz Lang que foi editado, agora, em DVD
- Os blogs
- Aguns blogs em particular: Portugal dos Pequeninos,
da literatura, O acidental, o esplanar, o Abrupto (que estupidamente comecei por não gostar, A Origem das Espécies, o Bloguitica, o Estado Civil, a Grande Loja e o Causa Nossa. Também gosto do aforismos e afins e de outros que agora não consigo linkar
- Os quizzes do aforismos e afins embora tenha desistido do 5º
- A sonata para piano D 960 de Schubert interpretada por Richter que consegui finalmente encontrar
- A esplanada do Jardim da Estrela
- A mudança de direcção do Expresso
- As crónicas de Alberto Gonçalves
- A ópera "Giulio Cesare" de Haendel dirigida por Marc Minkowski - "Ariodante", com Anne Sofie von Otter, saiu ainda há mais tempo, mas também conta porque foi muito ouvido este ano
- As histórias de Poirot em DVD
- A "opera proibita" de Cecília Bartoli
- os livros policiais de Dennis Lehane e de Val McDermid
- um presente que me deu o meu filho
- os dias que passei em casa sem "fazer" nada
ccs

EM RODA LIVRE

...como Deus para Voltaire...


crsdovale

O APTO

"Depois de dirigir a RTP, fica-se até apto para explorar Marte"
Nuno Santos
(Visão-29.12)


Que bela notícia. Quando partes?



crsdovale

SONHOS DE INFÂNCIA

"Sonhava conhecer o Santo Padre e conheci. Sonhava conhecer Pinto da Costa e é hoje o meu marido"
carolina salgado
(in visão-29.12)


Isso é bom, Carolina. Ao contrário é que seria pior.
Tanto mais que tens pico, és bem lançada, sabes respirar e pisas bem.



crsdovale

A RECAÍDA DO BISPO

"Almeida Santos, depois de ter citado a Bíblia no último congresso do PS, aproveitou o jantar de Natal dos deputados para fazer o elogio do... Menino Jesus.
... sublinhou o facto de Cristo ter sido na idade adulta o maior de todos os socialistas."
(Sábado-29.12)


Temos, pois, recaída de(o) vulto.



crstovaodovale

A MISTURA DO PARADOXO E DA PERVERSÃO

"O que está em causa é impedir que os que insistem na continuidade não provoquem a explosão da descontinuidade, para que a mistura do paradoxo e da perversão não corte a estrada para o futuro"
Joaquim Aguiar
(Atlântico-Jan2006)

"PS equaciona saída de Manuel Alegre
A direcção do PS equaciona a saída de Manuel Alegre do partido, devido à actual situação de «enorme crispação» existente entre o histórico socialista, candidato à Presidência da República contra a vontade do partido, a direcção de José Sócrates e o grupo parlamentar rosa."

(in diario digital)

"Comigo não brincam!
(Manuel Alegre) adverte, garantindo que não vai haver, nem vai permitir batota"
(in dn-29.12)

"A candidatura de Mario Soares não gostou da forma como o governo evitou entrar em polémica com Cavaco Silva..."
(in DN-29.12)

"Cavaco Silva tem um programa presidencial forte"
(Pachco Pereira - citado in DN, 29.12)

"O que Cavaco fez foi sufragar o tipo de acções que o ministro da Economia tem tido.."
(Antonio Lobo Xavier-citado in DN, 29.12)

"A ideia de Cavaco Silva é boa e deve ser encarada como um contributo válido para um problema real"
(Miguel Coutinho-jornal de negócios, 28.12)

"A proposta que Cavaco Silva lançou... tem um mérito: deixou meio Portugal a sua validade e interesse"
(Martim Avillez Figueiredo- diario económico, 28.12)

"Por cada vez que Soares, Alegre e outros digam que Cavaco Silva ameaça intervir mais na governação do que é habitual aos inquilinos de Belém, as urnas incham com votos em Cavaco"
(O. Ribeiro- Correio da Manhã, 28.12)

"Manduca às ordens de Koeman"
(dn-29.12)



bventana

Só faltava esta...

Diz João Miranda no Blasfémias, a propósito de um editorial de Nuno Pacheco, que os candidatos da sociedade civil(?) "não podem ser julgados pelas suas profissões e pelos seus slogans", acrescentando, definitivo:"Afinal, se Manuel João Vieira é músico, Manuel Alegre é letrista, se alguns candidatos da sociedade civil são advogados, Mário Soares também já foi, se Manuela Magno é professora de música, Cavaco Silva e Francisco Louçã são professores de economia..." Pois são! Sucede que nem Manuel Alegre se candidata como "letrista" (coisa que ele, aliás, não é), nem Mário Soares se candidata como advogado, nem Cavaco Silva ou Francisco Louçã se candidatam como professores. Por uma razão simples: as suas candidaturas são fruto de uma decisão política, inserem-se numa actividade política e têm como objectivo um cargo eminentemente político. É natural, portanto, que sejam julgados de acordo com critérios políticos. O problema dos candidatos da sociedade civil(?) é que a única coisa que os distingue é o facto de se candidatarem. Se não devem ser julgados pelas suas profissões e pelos seus slogans, por que critérios devem, então, ser julgados? Pela actividade política que não têm? Pelo passado que não os distingue? Pelas promessas que guardam na manga? Pela boa vontade que os anima? Não se percebe! Como não se percebe que alguém possa afirmar que, "no que diz respeito a profissões", os "candidatos dos partidos" não são melhores do que os candidatos da sociedade civil - e ache que isso pode ser usado como argumento seja do que for. É assim tão difícil compreender que uma eleição presidencial é uma eleição de natureza política? E que os candidatos se propõem alcançar a Presidência da República - e não propriamente um curso de formação profissional? Para além de que esta distinção entre "candidatos dos partidos" e "candidatos da sociedade civil" deixa bastante a desejar. Cavaco Silva é um "candidato dos partidos"? Duvido! Não sei mesmo se ele não é, antes, um candidato apesar dos partidos.

Uma pequena excepção: Garcia Pereira, que não é citado no texto, é o único "candidato da sociedade civil" que é conhecido pela actividade política que tem.
ccs

Repescado...depois de um artigo de Prado Coelho

Parece que o dr. Soares, no debate com Cavaco Silva, se distinguiu pela má-criação. Deu caneladas, tratou o adversário por "ele", trouxe à baila as opiniões que os seus amigos europeus lhe fizeram chegar a Belém sobre a falta de mundo do primeiro-ministro de então e, não contente com isto, ainda disse que o prof. Cavaco não tinha conversa, feitio, leituras, passado político e cultura humanista para se candidatar ao mais alto cargo da Nação. Compreende-se a justa indignação que este tipo de comportamento suscitou nalgumas sensibilidades mais finas. Não é em vão que um candidato perde a chamada pose de Estado. Portugal gosta da solenidade oca de um "Pacheco" (da "Correspondência de Fradique Mendes"), das campanhas "pela positiva" em que se ignora o adversário e se desfraldam piedosas banalidades, de vencedores antecipados, de discursos virados para o futuro (seja o que for que isso queira dizer), de falsos consensos e de promessas vagas que – por uma questão de boas maneiras, presume-se - não devem ser questionadas. Portugal gosta principalmente do doce sabor a vitória que se adivinha nas sondagens e na verve dos comentadores. E gosta destes pequenos ajustes de contas com a história em que o herói de ontem se transforma, de repente, num desprezível sobrevivente que qualquer idiota se sente no direito insultar. O "pai da Pátria" perdeu a Pátria? Talvez...Mas, mais relevante ainda, é o gozo imenso que isso anda por aí a dar.
ccs

INTERROMPER UM CICLO CONSERVADOR

O medo é que é perigoso


"Vamos directos ao assunto o dr. Mário Soares informou o país que a eleição de Cavaco Silva é "perigosa". Tamanha novidade merecia atenção redobrada. Meses antes, o antigo presidente da República tinha esclarecido a Imprensa estrangeira sobre os perigos que vivia a nossa democracia, afirmando que só não havia um golpe militar porque éramos membros da União Europeia. Também já tínhamos sido esclarecidos, por pessoas que lhe são próximas, sobre como era perigoso votar em Cavaco Silva e que isso representaria uma hipótese, digamos, de regresso ao passado - quem sabe se ao fascismo, dado a nossa democracia estar tão periclitante. Há dias, considerou "uma tragédia" a eleição de Cavaco. Antes de anunciar a sua candidatura, um pouco antes, o ex-presidente informara-nos que José Sócrates, com os seus ares modernos, os seus fatos elegantes, a sua moderação equilibrada e a sua insistência nas tecnologias, era perigoso - e que não passava de uma reciclagem do pior guterrismo. Que seria, suponho, uma espécie de líder de esferovite. Nos últimos dois anos temos sido sucessivamente informados, pelo dr. Mário Soares, sobre perigos e tragédias iminentes. Infelizmente para o autor das profecias, algumas delas não se realizaram e as que podem realizar-se não são tragédias; pelo contrário. A sua pontaria tem diminuído. Só assim se explica que José Sócrates seja agora visto como alguém com garra e que se digam coisas ditirâmbicas sobre António Guterres. É, suponho, um intervalo - a interrupção deve-se à campanha eleitoral, durante a qual se devem apontar todas as armas para "o monstro". O monstro é Cavaco.

Anteontem, depois das declarações de Cavaco Silva a este jornal, gerou-se uma tal onda de queixinhas e de indignações que qualquer cidadão seria levado a suspeitar de que alguma coisa estaria errada. Está. O que está errado é o clima de medo em que querem transformar estas eleições. Esta pobre estratégia populista parte do princípio que os portugueses são um bando de medricas ou de crianças que é preciso proteger a todo o custo de perigos imaginários e de tragédias improváveis. Esse medo é que é perigoso - é o medo da democracia, no fundo. Em todas essas queixinhas que se ouviram durante o dia (com aquele ar escandalizado das virgens velhas das peças de Lorca) não se viu uma ideia, um combate, uma prova de que Cavaco estava errado. Limitaram-se a aparecer em bicos de pés, lembrando "a tragédia" e "o perigo" que rondam a vida dos portugueses, esses ignorantes que deram a vitória a Sócrates e se manifestam por Cavaco.

Ora, o que a candidatura de Cavaco (para temor de soaristas e de cavaquistas) vem fazer, no fundo, independentemente de si mesmo, é interromper um ciclo conservador onde o "republicanismo" se sobrepõe aos "valores republicanos" e onde as manobras de bastidor são sempre mais importantes do que a clareza das ideias que se exprimem. Ao acusarem Cavaco de todas as ignomínias apenas porque ele se limitou a sugerir uma medida da mais elementar eficácia governativa (que ninguém discutiu, de resto), os seus adversários apressaram-se a acenar com banalidades e com a existência de "indícios", mostrando claramente o seu jogo a aposta no medo.

A penosa campanha eleitoral em curso, longa de mais, mostrará até ao fim esse tom de dramatização e de perseguição populista, de insinuação. Por detrás disso está o medo. Não o medo de Cavaco, mas o medo da própria democracia e do jogo claro que ela devia impor e tornar necessário. De dedinho espetado, indignado, esse medo é que é perigoso e reaccionário. E, além do mais, pretende fazer dos portugueses gente sem discernimento ou inteligência."



Francisco José Viegas
JN-29.12


bvtana

JÁ LÁ ESTÁ



Já se encontra em órbita da Terra a cerca de 23.000 quilómetros de distância o satélite Giove A destinado a testar em condições reais as tecnologias que serão postas em prática pelo futuro sistema europeu de localização Galileu promovido pela Agência Espacial Europeia (ESA).

Graças a este projecto co-financiado pela ESA e a UE, a Europa espera tornar-se independente num domínio estratégico, o do posicionamento por satélites, actualmente indispensável para a gestão do tráfego aéreo, marítimo e, cada vez mais, automóvel.

O Galileu será o primeiro sistema de navegação por satélite sob gestão civil, já que os existentes, o norte-americano GPS e o russo Glonass, de que será complementar, continuarão a ser controlados por militares.

Graças ao Galileu e ao GPS, que serão compatíveis, será possível encontrar um contentor perdido, localizar uma viatura roubada, estimar o tempo de espera por um autocarro, seguir as deslocações de um delinquente portador de uma pulseira electrónica ou socorrer um caminhante perdido.

A rede será depois completada por novos satélites para permitir o lançamento de um serviço comercial em 2010 e será composto por 30 satélites.

Por último, mas não menos relevante: O director executivo da empresa responsável pela montagem e gestão do projecto, a Autoridade Europeia de Supervisão do GNSS (Global Navigation Satellite System) é um engenheiro português, Pedro Pereira, eleito para este cargo por cinco anos em Maio passado.

Parabéns!


Eusébio Furtado

EM FRENTE

"O que é persuasivo é o carácter de quem fala e não a sua linguagem"
Menandro



A Independência da Solidão

"O que me importa unicamente é o que tenho de fazer, não o que pensam os outros. Esta regra, igualmente árdua na vida imediata como na intelectual, pode servir para a distinção total entre a grandeza e a baixeza. E é tanto mais dura quanto sempre se encontrarão pessoas que acreditam saber melhor do que tu qual é o teu dever. É fácil viver no mundo de conformidade com a opinião das gentes; é fácil viver de acordo consigo próprio na solidão; mas o grande homem é aquele que, no meio da turba, mantém, com perfeita serenidade, a independência da solidão."

Ralph W. Emerson


brventana

EM RODA LIVRE

"Não que a comunicação social goste de mim (...). Se estivessem aqui três cadeiras vazias, eram precisamente essas que focavam", acrescentou, sugerindo aos estudantes de comunicação social que realizem um estudo sobre a forma como está a ser feita a cobertura da pré-campanha para as eleições de 22 de Janeiro."
(Mario Soares-publico-29.12)



Ele há, aliás, estudos supimpas sobre o tema.


crsdovale

28.12.05

O CAMPO DO POSSÍVEL

"Há coisas conhecidas e coisas desconhecidas; entre elas, ficam as portas"
William Blake



"...eu achei a minha ilha do tesouro. Achei-a no meu mundo interior, nos meus encontros, no meu trabalho. Passar a minha vida com um mundo imaginário foi a minha ilha do tesouro. Claro, é verdade que os mundos que eu visito ao sabor das minhas buscas podem por vezes ser julgados pueris ou inúteis, tão distantes se acham das preocupações quotidianas, mas quando hoje penso naqueles que me acusavam de ser inútil, e no que eles julgavam ser útil, então perante eles, não tenho apenas o prazer de ser inútil, mas também o desejo de ser inútil."

Hugo Pratt


Para epígrafe do poema Le Cimitière Marin, Paul Valéry recorrera a estes versos do poeta grego Píndaro:
"Oh minha alma, não aspires à vida imortal, mas esgota o campo do possível."
Assim viveu Hugo Pratt.
Dominique Petitfaux



guido sarrasa

Uma graciosa aldeia

Conta francisco roíz lobo que:

"Perto da cidade principal da Lusitânia está uma graciosa Aldeia que com igual distância fica situada à vista do mar Oceano, fresca no Verão, com muitos favores da natureza, e rica no Estio e Inverno com os fruitos e comodidades que ajudam a passar a vida saborosamente; porque com a vizinhança dos portos do mar por uma parte e da outra com a comunicação de uma ribeira que enche os seus vales e outeiros de arvoredos e verdura, tem em todos os tempos do ano o que em diferentes lugares costuma buscar a necessidade dos homens; e por este respeito foi sempre o sítio escolhido, para desvio da Corte e voluntário desterro do tráfego dela, dos cortesãos que ali tinham quintas, amigos ou heranças, que costumam ser valhacouto dos excessivos gastos da Cidade."


bventana

EM FRENTE

"(...) Ultrapassando a mesquinhez político-partidária, ele será capaz, pelo seu exemplo como Chefe de Estado, de congregar todos os cidadãos de boa-vontade, incentivando-os na procura de um novo e seguro rumo democrático para esta Pátria em que "tudo é incerto e derradeiro/tudo é disperso, nada é inteiro" e cujo futuro não pode continuar a ser continuamente adiado."
José Blanco



bventana

ESTÁ QUASE...

Os trâmites vão correndo em excelente ritmo, os deste procedimento.


bventana

Against all odds

From Wikipedia: Desenrascanço (impossible translation into english) : is a Portuguese word used to describe the capacity to improvise in the most extraordinary situations possible, against all odds, resulting in a hypothetical good-enough solution. Portuguese people believe it to be one of the most valued virtues of theirs.


bventana

TIRE-O DO BAÚ

" (...) Ivan Nunes, um dos mais activos do blogue, é uma espécie de Daniel Oliveira de Mário Soares, mas sem a habilidade – que deveria incluir a eficácia - do colunista bloquista do semanário “Expresso”. A comparação pode ser lisonjeira para Ivan, mas não para Soares (...) "
(in Acidental)


Pelos vistos Ivan Nunes está a desenrolar-se e a ficar vistoso. Com o luzimento pode ser que se lhe esmoa a modéstia e finalmente dê a conhecer aos jovens leitores do engraçado supermário o desassombrado e brilhante "texto de 1995", que honrou, pela sua galhardia, o pobre e subserviente jornalismo português daquele tempo.
Ficávamos todos a ganhar.
Tire-o do baú, que a modéstia excessiva pode parecer soberba.


cristóvãodovale

MAIS A RAPAZIADA LHE APETECE VOTAR NO HOMEM

socioneurobiogeneticopsicologia

eu não sei bem quem são os conçelheiros dos outros candidatos... mas será que ainda não entenderam que quanto mais conveçerem o povão que o Cavaco quer mudar tudo quer meter-se em tudo quer fazer golpes de estado constitucionais quer governar a partir de Belém quer agitar as águas quer dar cabo do regime quer sei lá que mais... quanto mais disserem isso mais a rapaziada lhe apetece votar no homem? ainda não entenderam que chegou a hora (de novo) do pai austero e disciplinador?
Piotr Kropotkine
at 12:56 AM
(in Anarca)


bventana

SÃO QUEIXINHAS

Queixinhas.


Texto de Francisco J. V.
Publicado em 12/27/2005
(in origem das espécies)


bventana

AI DISSE, DISSE!

«Eu não sugeri a criação de um secretário de Estado nem defendi a criação de nenhuma Secretaria de Estado. Apenas contei histórias de sucesso que ocorreram em outros países», afirmou Cavaco Silva.

in Diário Digital



Problema grave é o da deslocalização de empresas estrangeiras. Nessa matéria, o presidente pode ajudar?

Há uma coisa que pode ser feita em Portugal, que eu sei que já foi feita noutros países. Podia existir um responsável do Governo que fizesse a lista de todas as empresas estrangeiras em Portugal e, de vez em quando, fosse falar com cada uma delas para tentar indagar sobre problemas com que se deparam e para antecipar algum desejo dessas empresas se irem embora, para assim o Governo tentar ajudá-las a inverter essas motivações. Tem de ser um acompanhamento com algum pormenor que deveria ser feito por um secretário de Estado especialmente dedicado a essa tarefa.

Vai propor isso ao Governo?

Já o estou a propor aqui.

Cavaco Silva, in Jornal de Notícias




B. Pinheiro

A proposta de Cavaco Silva

Ao contrário do que alguns defendem, as declarações de Cavaco Silva ao Jornal de Notícias e o seu posterior desmentido não são apenas dois pormenores de campanha que os seus adversários procuram, a todo o custo, empolar.

1. Quer se queira, quer não, Cavaco Silva sempre apareceu ao país como um homem de acção, mais talhado para o exercício do poder do que para as funções de representação. Este é, aliás, o ponto forte e o ponto fraco da sua candidatura. Se, por um lado, os portugueses querem, na Presidência, alguém que, pelo seu perfil, lhes dê garantias de exigência e de rigor, por outro, sabem que a guerrilha institucional e a instabilidade política são sinónimos de conflitos que só agravam a crise e pioram a situação. Por isso, querem Cavaco para pôr o país na ordem; mas não querem que Cavaco seja, no país, um factor de desordem. O caminho para a vitória, podendo ser curto, sempre foi estreito.

2. A estratégia de Cavaco Silva não é tanto defensiva (como tem sido dito) mas principalmente equívoca, de forma a conseguir um equilíbrio (difícil) entre as expectativas que desperta e os riscos que essas mesmas expectativas comportam. É por isso que Cavaco Silva não pode deixar de garantir que vai ser um Presidente "activo", "atento" e "interventivo". E, ao mesmo tempo, sente necessidade de apregoar o seu desapego pela política e de defender a estabilidade a qualquer preço. Como se dissesse (embora sem o dizer), contem comigo para mandar; mas não me peçam para intrigar.

3. A atenção permanente que Mário Soares dedica a todas as declarações do seu adversário não tem nada de inocente. Muito menos de condenável. Mário Soares, como, aliás, Cavaco Silva, sabe como este equilíbrio é difícil. Não foi por acaso que, na primeira parte do debate entre os dois, Soares nunca deixou de perguntar: "Como é que o senhor vai fazer isso?". Porque Mário Soares sabia que, a haver uma resposta, esta só poderia apontar para a inutilidade do cargo ou para a ingerência do Presidente. Cavaco, obviamente, nunca lhe repondeu.

4. Curiosamente, respondeu-lhe, hoje, quando propôs um novo secretário de Estado ao primeiro-ministro, através do Jornal de Notícias. Não que a proposta, em si, despojada do candidato, não possa ser vista como um pormenor de campanha como defende Paulo Gorjão Sucede que o problema não está tanto na proposta como na sua ligação à imagem de Cavaco Silva. É isso que não passou desapercebido aos adversários e é isso que a vai manter, durante algum tempo, à tona da actualidade. E não vale a pena vir com as "propostas concretas" de Mário Soares - porque, justa ou injustamente, Mário Soares suscita outro tipo de preocupações.

5. Só assim se justifica o erro em que caiu hoje Cavaco Silva, ao dar o dito por não dito, desmentindo as suas próprias declarações. Um erro que pode sair caro a quem usa a honestidade como principal trunfo político.

ccs

A CAMPANHA DOS AFECTOS E A VISÃO MESQUINHA DOS JORNALISTAS IMPERTINENTES

Perante o estendal de funcionários do ministério da agricultura que acompanhavam a sua passeata, o repórter fez ao "avô da república", para usar a gostosa expressão do director do DN, a pergunta natural:

-"Não acha que lhe dá jeito ser apoiado pelo Governo?"
A resposta, enrugada:
-"Isso é uma visão mesquinha das coisas."

Uma outra pergunta, mais à frente, teve resposta mais crispada:
-"Não é você que dirige a minha candidatura, sou eu."
(sic-noticias-24horas)


crsdovale

27.12.05

NOS SEUS CALÇOTES DE MARAU

António José Teixeira, o inesquecível valet de chambre das charlas sotto voce, que corriam sob o lindo nome "Sociedade Aberta", esteve, hoje, na sic-noticias bacharelando sobre presidenciais.
Por entre cintilações, próprias de um verdadeiro poço no latinório e no esturrinho, trauteou nos seus calçotes de marau, quase um Severiano Teixeira.
Todavia, foi comovente.
Por isso, se lhe deixa um texto, para ajuda:

"(...) Aquele que não quer passar depois de ter passado, ainda ouvirá palmas, mas já não são palmas, são despedidas e não despedidas com saudades mas com ironias. As palmas são para o tempo, para que seja contente e caminhe mais rápido, para que mais depressa o leve.”

Manuel Rodrigues
(O Seculo-Dez.1938,citado por Helena Matos,Publico-24.9)


cristovaodovale

ÚNICO PONTO DE REFERÊNCIA



"(...) Os inimigos do dr Cavaco nunca perceberam que a obstinação dele o punha firmemente no centro das coisas e os podia coagir, como coagiu, a tomá-lo como único ponto de referência. Cavaco sabia o que queria; os inimigos de Cavaco limitavam-se a saber que não queriam Cavaco.
Pouco a pouco, subordinaram-se a ele e ele ficou livre (...) "



V. Pulido Valente
(in "o independente",
Julho de 1991)



brventana

MAIS IMPORTANTE QUE SER PRESIDENTE DA REPÚBLICA É SER EU

"(...) Até porque, «mais importante que ser primeiro-ministro, mais importante que ser Presidente da República, mais importante que ser deputado é ser Mário Soares»
Mario Soares

"O avô da República"
antonio jose teixeira



Os cliques podem ser cruéis, quando expõem de repente a uma luz excessiva o que na penumbra já se pressentia, como se o óbvio se vingasse da sua prolongada ocultação.



guido sarrasa

E NÓS TAMBÉM

"Sampaio quer Cavaco em Belém"

(Santana Lopes-"Expresso", 26-11-2005)




bvtana

OLHA QUE BRINCADEIRA, HEM?

“(...) - Então, Cohen, diga-nos você, conte-nos cá... O empréstimo faz-se ou não se faz? E acirrou a curiosidade, dizendo para os lados que aquela questão do empréstimo era grave. Uma operação tremenda, um verdadeiro episódio histórico!... O Cohen colocou uma pitada de sal à beira do prato, e respondeu, com autoridade, que o empréstimo tinha de se realizar “absolutamente”. Os empréstimos em Portugal constituíam hoje uma das fontes de receita, tão regular, tão indispensável, tão sabida como o imposto. A única ocupação mesmo dos ministérios era esta – “cobrar o imposto” e “fazer o empréstimo”. E assim havia de continuar... Carlos não entendia de finanças: mas, parecia-lhe que, desse modo, o país ia alegremente e lindamente para a bancarrota.
– Num galopezinho muito seguro e muito a direito – disse o Cohen, sorrindo. – Ah, sobre isso, ninguém tem ilusões, meu caro senhor. Nem os próprios ministros da Fazenda!... A bancarrota é inevitável: é como quem faz uma soma...
Ega mostrou-se impressionado. Olha que brincadeira, hem! (...) “



Eça de Queirós


brvetana

PORTUGAL FUTURO




"(...) Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro"


bventana

GALILEO



O Satélite GIOVE-A já instalado no foguetão Soyuz no cosmódromo de Baikonur no Cazaquistão.

O lançamento para o espaço está marcado para as 05:19:08 GMT.

Será o primeiro de uma futura rede de satélites europeia que pretende concorrer (substituir) com o sistema GPS americano (propriedade do governo).

Actualmente, o funcionamento "normal" da nossa sociedade, desde a navegação marítima à aérea, telecomunicações, redes de autocarros e comboios, equipamentos militares, etc. dependem totalmente do sistema GPS (Global Positioning System) americano...

Mais informações em ESA - Galileo


Eusébio Furtado

ENTRE AS CHAPAS DILECTAS DA TOLICE INDÍGENA

"Entre as chapas dilectas da tolice indígena, uma conheço, a forma aforística, que é a mais cultivada pelas populações bem falantes do país.

A asneira lapidada em sentença tem para os tolos a vantagem de parecer coisa profunda, e para os espertos a desculpa de muitas vezes passar por ironia.

Desta maneira foi aumentando para uns a horda dos pensadores, e para outros a horda dos mordazes, quando, segundo a estatística, só a dos idiotas é que começa a estar mais crescidinha."


Fialho de Almeida



bvtana

Ubriaco

Si teme ancora per la sorte di due dei sei feriti ricoverati nell'ospedale di Funchal, nell'isola portoghese di Madeira, per lo schianto, il 23 dicembre, del pullman su cui viaggiavano. La tragedia è costata la vita a cinque crocieristi in viaggio natalizio alle Canarie. Dei quattro pullman di turisti italiani, soprattutto del Centro Nord, partiti per l'escursione a Madeira, uno aveva sbandato finendo fuori strada. L'autista del mezzo è in stato di arresto perché era ubriaco al momemto dell'incidente.

in RAI Internacional online


Convém acrescentar que o motorista tinha uma taxa de alcool no sangue seis vezes superior ao máximo permitido por lei e que a empresa "Horários do Funchal" a quem pertencia o autocarro sinistrado e de quem o motorista é funcionário, é uma empresa pública (do governo regional).

Esta é a imagem que passou da Madeira, de Portugal. A de uma qualquer ilha de um país do terceiro mundo, onde motoristas de empresas ligadas ao estado conduzem embriagados os turistas.


B. Pinheiro

Crispação...

Em determinada altura ajudei o Prof. Cavaco Silva a ascender no PSD. Depois julguei que era uma pessoa e saiu-me outra.

Foi o pendor crispado e autoritário de Cavaco Silva que me levou a abandonar o PSD.

Helena Roseta, SIC Notícias



B. Pinheiro

"Que se mude a bandeira nacional"

«Nós não podemos viver sem sinais. Os sinais da nossa fé são muito importantes. E se os sinais num tempo laico não contam, então que se mude a Bandeira nacional, porque nela estão as cinco chagas de Jesus Cristo», disse D. Teodoro de Faria - Bispo do Funchal.

O bispo considera que laico é o Estado, mas não as pessoas, pelo que incitou os cristãos a defenderem o direito de usar os seus sinais religiosos publicamente e sem vergonha, direito que reconheceu em pé de igualdade a todas as outras religiões.

D. Teodoro disse ainda que se recusaria a comparecer numa cerimónia oficial para a qual fosse convidado, se lhe impusessem a condição de apresentar-se sem o seu crucifixo de bispo.

in Diário Digital



B. Pinheiro

CHAMA-SE A ISSO LIBERDADE DE EXPRESSÃO

"um oceano de diferença..."
Terça-feira, Dezembro 27, 2005

Publicado por Manuel às 7:00:00 PM
(in grandeloja)


bventana

DÁ-SE A PALAVRA


A propósito de "O País precisa", e do comentário

"Mau!Então e as «Conquistas de Abril»? Onde é que as metem?
Rui " ,

dá-se a palavra a:

«O desenvolvimento só é económico para ser social»
Cavaco Silva"

e a

"Carlos Beato, presidente da Câmara de Grândola e um dos militares que acompanharam Salgueiro Maia na Revolução do 25 de Abril de 1974, justificou o seu apoio a Cavaco:
Se houve um primeiro-ministro que fez cumprir o espírito de Abril, da democracia e da liberdade, foi Cavaco Silva."
(publico-23.12)



bventana


O PAÍS PRECISA

"Dizem que o português é uma língua rica. É mas é pobre, tem palavras a mais."
Aquilino Ribeiro



"(...) O país precisa de ver introduzidos na vida pública dois princípios: o da autoridade e o da honestidade. Se tal for feito, através de um Presidente eleito, sê-lo-á com liberdades e democracia. Se não, virá mais tarde, com poucas liberdades e reduzida democracia (...) "


Antonio Barreto
publico-23.10


bventana

À UMA



Rubicundo e boleado, com o pináculo da jactância mais exposto pelo amolentar do filtro dos artifícios, que isto do tempo tem os seus cânones, ali estava ele, demasiado elefântico para leão, em todo o caso extraordinário.

Os jornalistas, a venerável distância, entreolhavam-se, medindo a figura intransigente e pesada. Hesitavam, pois sabiam dos repentes rudes a que a criatura era dada e lá para açoites do telhudo é que não estavam virados.

Empurrando-se uns aos outros, lá foram avançando, alguns às arrecuas.
Que diabo, a criatura era um candidato, tinham de lhe sacar umas afirmações, mesmo com risco.

Um deles, mais arrojado, lá se afoitou:

-Senhor, dizem que vem a barrar caminho ao seco algarvio. Não acha que é pouco para restaurar o país? Qual é afinal o princípio de Vossa Senhoria nesta questão?

-Debates! disse como um tiro. Pasmo geral.

- Bem, mas há-de haver um princípio, uma linha de acção, mesmo que em esboço?

- Debates! bradou.

- Mas, mesmo sem esboço, tem de haver qualquer coisa…

- Debates! rugiu.

- Pois sim, mas, por outro lado, temos uma crise económica, e bem séria ao que parece…

- Debates! roncou. O pasmo transformava-se em horror.

- Apre. E a política externa? Aí sim, com certeza…

- Debates! silvou, agudíssimo.

- Santo Deus! Vamos à cultura, que é uma área que Vossa…

- Debates! uivou.

- Mas olhe, parece que há aí um revanchismo de direita, quiçá larvar...

- Debates! flechou.

Em torno havia já terror. Fizeram-se outras experiências.

- Que horas são, se faz favor?

- Debates! ciciou, inumano.


A atmosfera tornada irrespirável, pelinhos da nuca eriçados, os jornalistas fugiram.
À uma.




(sobre um texto de Eça,
guido sarrasa)

SÓ DEUS SABE

“A sociedade já não é o que foi, não pode tornar a ser o que era, mas muito menos ainda pode ser o que é, o que vai ser só Deus sabe.”

Almeida Garret



bventana

RODA LIVRE

"Grau zero"

in insurgente por André Azevedo Alves
@ 16:52



bvtana

26.12.05

A CARTA (POUCO) APAGADA

"Entre a dama e valete há sempre uma carta apagada que decide a partida"



A FRASE
"Quando eu disse que não fui eu a convidar o dr. Cavaco nem a dizer que era um candidato excelente, ficou logo de bola baixa".
Manuel Alegre, "Jornal de Notícias", sobre o que disse a Mário Soares no debate televisivo, 26-12-2005
(publico-26.12)


bvtana

NÃO ACTUE LOGO À PRIMEIRA

"Temos todos duas vidas: a verdadeira, que é a que sonhamos na infância; e a falsa, que é a que vivemos em convivência com os outros"
fernando pessoa




"Isto do fácil não há sagrado a que se acolha; Nada defende o que não se defenda, nem pode ser conquistado de nenhum ânimo generoso o que não custa. As dificuldades apetecem por honra, as cousas por vício.
(...)
Nunca será perfeito galã o que servir por destino ou afeição, mas sim o que se prepare com o espírito. Vai muito o eleger pela luz do entendimento ou o seguir pelas trevas da locura. Sempre se há-de buscar a dama mais atilada que sabe buscar ocasiões para que a conheçam e tirá-las ao tolo para que a ignorem. Não actue logo à primeira. Estude devagar os erros e acertos..."



D.Francisco de Portugal
Arte de Galanteria



guido sarrasa

PROSAS COM CHEIRO DE MADEIRO A ARDER EM NOITE FRIA DE DEZEMBRO

... foi entroncamento de múltiplos destinos e vidas, desta velha Pátria.
Desta que só conseguimos sentir com o azeite da vida e pela candeia de Herculano:
"A Pátria não é a terra; não é o bosque, o rio, o vale, a montanha, a árvore, a bonina: são-no os afectos que esses objectos nos recordam na história da vida...."

Alexandre Herculano
O Pároco da Aldeia


bventana

QUE SE AJUNTARAM PARA ENVELHECER

"Dúzia e meia de ratões que se ajuntaram para envelhecer, supportando uma vez por semana, a sensaboria dos vinhos do Braganza e a chateza deprimente dos menus. À sobremeza, habitualmente, os vencidos da vida dizem mal, com mais ou menos verve - o que é uma vingança lícita, na bocca de indivíduos de quem se tem dito mal, sem verve nenhuma. Um terço é celebre, o outro dá-se ares de o ser, e emfim o último faz um fundo de comparsaria pagante, destinado a fazer o talento maquillé dos outros dois. Mal humorada sempre, a opinião pública, ao ler no Tempo as descripções dos seus banquetes, pergunta o que é que esse grupo pretende, e intenta, e mira longe. A resposta é simples. Os Vencidos da Vida, quando juntos, o que pretendem é jantar; depois de jantar, o que intentam é digerir; e digestão finda, se alguma coisa ao longe miram, tanto póde ser um ideal, como um water-closet. Não há portanto razão p´ra sobressaltos. Que os Vencidos jantem em paz. E se a obscuridade os consola das amarguras soffridas na via pública, fiquemos nisto - a história nem sempre fixa os nomes dos que bebem champagne."

Fialho de Almeida


bventana

Festas

As épocas festivas não são a minha especialidade. Pior que o Natal, que a infância redime, só a passagem de ano, com a sua alegria forçada e os seus inevitáveis convívios. Há uns anos, quando tentei desistir deste tipo de comemorações, a tentativa foi mal interpretada e a minha agenda encheu-se imediatamente de jantares "simpáticos" e de fins-de-semana "tranquilos". O propósito de ficar sozinha em casa, sem passas, nem confraternizações, teve um efeito demolidor: não houve ninguém que não se sentisse na obrigação de me arrancar às garras da depressão e de me proporcionar uma passagem de ano decente quer eu quisesse quer não. Aliás, quanto menos eu queria, mais a obrigação se impunha, ao ponto de haver mesmo quem se prontificasse a levar-me à força para um festejo qualquer: "Estou aí, dentro de 10 minutos, prepara-te". Acabei por inventar um programa fictício que teve o condão de me livrar de toda aquela boa vontade. Desde aí, os ânimos aplacaram-se e a passagem de ano passou a ser mais uma das minhas idiossincrasias. Por mim, tudo bem! Sempre me angustiou esta necessidade gregária que reflecte apenas o medo que temos de nos apanharmos sózinhos.
ccs

24.12.05

FELIZ NATAL

Pórtico do Mosteiro de Santa Maria de Belém - Jerónimos, Lisboa

Eusébio Furtado

COM VISCO E AZEVINHO

“Tout juste pour meubler le silence”
G. Simenon




Pelos fins de Dezembro, vem a pêlo dar uma palavrinha de Natal.

Ao canto do lume, ao rigor de uma moda antiga.
Navegando aos longes, para trás e para diante, à uma de memória, à outra de vislumbre.
Com a lembrança dos lugares que a gente amou da vez primeira, vamos então à canção do diabo:


“À barca, à barca, senhores.
Oh que maré tão de prata!
E valentes remadores.
“Vos me venirdes á la mano,
Á la mano me venirdes:
Y vos veredes,
Peixes nas redes…”
(Gil Vicente – auto da Barca do Inferno)


Peixes nas redes e aprumo.
Não anavalhem o Estado.


São os votos/Natal/2005 da MinhaRicaCasinha


brunoventana



Bem sei que é Natal

Dando um passo em frente na sua fulgurante carreira, o "crítico" de televisão do Expresso, uma luminária que dá pelo nome de Pedro d'Anunciação, decidiu fazer um balanço dos debates e "classificar" a actuação dos candidatos presidenciais. Com uma aguda percepção das mais finas banalidades, Pedro d' Anunciação abre com Mário Soares - "o homem dos debates" - e segue, ligeiro, para Francisco Louçã a quem concede um honroso segundo lugar. Mas, não fosse o leitor tomá-lo por um desses parvos que se deixam levar pelos floreados de um radical, tomou as devidas distâncias, mostrando que, tal como Pacheco Pereira, também ele topava as contradições que se escondiam por trás deste "brilhantíssimo" candidato. Sentado no seu sofá, à frente da televisão, Pedro d'Anunciação percebeu rapidamente que Francisco Louçã criticava tudo mas não propunha nada e que lhe bastava pegar num exemplo para arrumar de vez a questão: "É o primeiro a reconhecer a falência da Seguraça Social e o último a avançar com receitas". Infelizmente (para o dito Anunciação, é claro) , o ponto central do manifesto eleitoral de Francisco Louçã é exactamente esse: a apresentação de um modelo alternativo de financiamento da Segurança Social. Se o "crítico" tivesse conseguido acompanhar os debates, que agora tão assertivamente classifica, teria, pelo menos, reparado na existência destas "receitas" - já que a compreensão das mesmas deve ser inacessível às capacidades da sua cabecinha. Como é óbvio, isto vale o que vale! Mas esta ignorância aflitiva, esta superficialidade pomposa, esta irresponsabilidade escorreita não deixam de ser também um retrato de Portugal.
ccs

NATAL




Nasce um deus. Outros morrem. A verdade
Nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra Eternidade,
e era sempre melhor o que passou.

Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.
Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.
Um novo deus é só uma palavra.
Não procures nem creias: tudo é oculto.


Fernando Pessoa



brunoventana

FOI E SERÁ

"Apoio o Sr. Prof. Cavaco Silva pela sua constância, pela sua integridade e independência em relação aos vários grupos e poderes instituídos.
Tenho a convicção que será o melhor candidato para ajudar o governo a retirar o país da situação bem difícil em que se encontra, sem fantasias, sem romantismo, com pragmatismo e eficiência.
O Sr. Prof. Cavaco Silva é para mim o único candidato que garante o respeito pelo direito à vida em todas as fases da sua existência.
É o único que tem uma ideia concreta do valor da nossa identidade nacional, neste mundo global.
Por ser um exemplo para todos, num país sem rumo, sem regras, sem raízes, onde tudo é confundido e os verdadeiros desígnios nacionais são deixados para segundo plano.
O Sr. Prof. Cavaco Silva foi um dos melhores primeiros-ministros do séc. XX, será sem duvida um dos melhores Presidentes da Republica do séc. XXI."

João Coimbra
empresário agrícola
(in Portugal Maior)


bventana

23.12.05

SOARES TEM LOPES

" Mais uns passos e era a irmã, também peixeira, que aceitava apertar a mão estendida do candidato. "Não sou dos seus, mas cumprimento-o educadamente", avisou, explicando que apesar de "santanista" não é "contra" o candidato apoiado pelo PS.
Soares não fez tardar a resposta. "Olhe, nem ele, nem ele! ", disse, referindo-se a Santana Lopes.
(in publico-24.12)


bventana

Deus das criaturas

Breve sumário da história de Deus


Adorai, montanhas,
O Deus das alturas,
também das verduras.

adorai, desertos
e serras floridas,
o Deus dos secretos,
o Senhor das vidas.
Ribeiras crescidas,
louvai nas alturas
Deus das criaturas.

Louvai, arvoredos
de fruto prezado,
digam os penedos:
Deus seja louvado!
E louve meu gado,
nestas verduras
o Deus das alturas.


Gil Vicente



brunoventana

REENCONTRAR A AUTO-ESTIMA

"Como Secretário de Estado do XII Governo Constitucional, pude apreciar o Prof. Cavaco Silva na sua função de líder do Governo e reconhecer, mesmo que muitas vezes de forma indirecta, as suas qualidades de competência técnica e política, a sua serenidade humana e a grande capacidade de trabalho.Contudo, o sentimento mais forte que retive foi o de, em qualquer situação, pôr Portugal à frente de todas as razões e uma absoluta capacidade de abordar sempre o essencial dos problemas, descartando os aspectos acessórios, qualidade de enorme relevância para uma acção política séria e profunda.O seu papel na estruturação e dinamização da investigação científica e tecnológica e no ensino superior em Portugal ainda não foi devidamente reconhecido, mas é a ele que se devem os primeiros grandes programas financeiros que são responsáveis pelo arranque da ciência e tecnologia em moldes modernos no nosso País, bem como pela dignificação e qualificação das nossas universidades em termos europeus.É de uma pessoa com as qualidades de Cavaco Silva que Portugal precisa na Presidência da República para ajudar o País a reencontrar a auto-estima que ele soube criar quando foi Primeiro Ministro e que nos últimos anos se foi perdendo."

Manuel de Carvalho Fernandes Thomaz


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